sexta-feira, 24 de junho de 2011

O Perispírito

                  A Visão do Perispírito antes do Espiritismo

Através das épocas mais remotas, as religiões e as filosofias procuraram um elemento fluídico ou semi-material que pudesse servir de traço de união entre o corpo físico - material, e o Espírito - quin­tessenciado e sutil, donde resultou, para o perispírito, uma variada e complexa sinonímia.
No Egito, a mais antiga crença, a dos “começos” (5.000 a.C.) já acreditava na existência de um corpo para o Espírito, denominado "kha", que quer dizer “o duplo”. Na Índia, o livro sagrado dos Vedas refere em seus cânticos ao "Linga Sharira". Na China, Confúcio falava sobre "corpo aeriforme". Para os antigos hebreus era o "Nephesch", que le­vava no seu íntimo o sopro Divino. Na Grécia, os filósofos adotavam variada nomenclatura para designarem o envoltório do Espírito; Pitágo­ras - "carne sutil da alma"; Aristóteles - "corpo sutil ou corpo eté­reo"; Hipócrates - "Eidolon".
Paracelso, precursor da Química moderna, deu-lhe o nome de "corpo astral", baseado na sua cor prateada e luminosidade própria. Para os pensadores da Escola de Alexandria, era denominado, "Astroidê", "corpo aéreo" e "veículo da alma".
Paulo em uma epístola [I Coríntios-cap 15 v.42,44] refere-se ao "corpo espiritual" ou "corpo incorruptível". Tertuliano chama-lhe de "corpo vital da alma". Santo Agostinho, São Bernardo, Santo Hilário e São Basílio, identificaram-no como invólucro da alma, "Pneuma".

A Visão Espírita do Perispírito

O termo perispírito foi criado por Allan Kardec:
"Envolvendo o gérmen do fruto, há o perisperma; do mesmo modo, um substância que, por comparação, se pode chamar de perispírito, serve de envoltório ao Espírito" [Le-qst 93]
É Allan Kardec que explica ser o perispírito laço de união en­tre a alma e o corpo físico, laço este semi-material, ou seja, de natureza intermediária entre o Espírito e o corpo físico.
Assim, podemos dizer que o homem é formado de três partes es­senciais:
a) O corpo físico, ou seja, corpo material, análogo ao dos ani­mais;
b) A alma, o Espírito encarnado, que tem no corpo sua habitação, o princípio inteligente, em que residem o pensamento, a vontade e o senso moral;
c) O perispírito, substância semi-material que serve de envoltório ao Espírito, ligando a alma ao corpo físico.
A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro, o Espírito conserva o segundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, mas que pode tornar-se visível e mesmo tangível, como sucede nos fenômenos das aparições.
O Dr. Encause, escritor neo-espiritualista, que foi médico e professor da Escola de Paris, sugere em [Alma Humana] uma engenhosa comparação, própria para a sua época, mas muito explicativa: o homem encarnado é comparado a uma carroça puxada por um animal. O carro da carroça, que por sua na­tureza grosseiramente material e por sua inércia, corresponde bem ao nosso corpo físico. O cavalo seria nosso perispírito, que unido por tirantes ao carro e por rédeas ao cocheiro, move todo o sistema, sem participar da resolução da direção. O cocheiro é o Espírito, que di­rige e orienta a direção e a velocidade. O Espírito quer, o perispí­rito transmite, e o corpo físico executa a ordem na matéria.
O perispírito, ou corpo fluídico do Espírito, é um dos mais im­portantes produtos do Fluido Cósmico Universal; é uma "condensação" desse fluido em torno de um foco inteligente. Sabemos que o corpo fí­sico tem o seu princípio de origem nesse mesmo fluido, condensado e transformado em matéria tangível. No perispírito, a "transformação mo­lecular" se opera diferentemente, porquanto, o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas. O corpo perispiritual e o corpo carnal tem, pois, origem no mesmo elemento primitivo - ambos são matéria - ainda que em dois estados diferentes.
Do meio onde se encontra, é que o Espírito extrai do Fluido Cósmico Universal o seu perispírito, dos fluidos do ambiente. Resulta daí que os elementos constitutivos do perispírito, naturalmente variam conforme o mundo.
A natureza do envoltório fluídico, está em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito: nos Espíritos puros será belo e etéreo; nos Espíritos infelizes materializado e grosseiro. O Espírito forma o seu perispírito das partes mais puras ou mais grosseiras do FCU peculiar ao mundo onde vive. Daí deduzirmos que a constituição ín­tima do perispírito não é a mesma em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que formam a humanidade terrestre. Como afirma Allan Kardec:
"O perispírito passa por transformações sucessivas, tornado-se cada mais etéreo, até a depuração completa, que é a condição dos Espíritos puros."
O perispírito não está absolutamente preso ao corpo do encar­nado, irradia mais ou menos fora dele, segundo a sua pureza, com diâ­metros variáveis de indivíduo para indivíduo, em cores e aspectos di­ferentes, constituindo a "aura do homem encarnado".
Toda a sensação que abala a massa nervosa do corpo físico des­prende uma energia, uma vibração, à qual se deu muitos nomes: fluido nervoso, fluido magnético, força psíquica, etc. Esta energia age sobre o perispírito, para comunicar-lhe o movimento vibratório particular, segundo o território cerebral excitado, de maneira que a atenção da alma seja acordada e que se produza o fenômeno de percepção; o Espírito emite então a ordem da resposta, que, através do perispírito atinge o corpo e efetuará a manifestação material da resposta.

Estímulo
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Corpo
Físico

Fluido
Nervoso

Períspirito

Espírito
Resposta
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A vibração causada no perispírito pelo fluido nervoso ficará armazenada durante algum tempo a nível consciente, para posteriormente passar a ní­vel inconsciente. Temos assim, no perispírito, um arquivo de todas as experiências do corpo físico, desde o momento da concepção até a desencarnação.
Durante o processo reencarnatório, à medida que o novo corpo vai se formando, a união com o perispírito ocorre molécula a molécula, célula a célula. Assim, o pe­rispírito vai moldando o corpo físico que se forma, funcionando, segundo Emmanuel, como o
"Mantenedor de união molecular que organiza as configurações típicas de cada espécie."
Outra função importante do perispírito é na mediunidade. Um Espírito só consegue se manifestar em nosso meio, através da combinação de seus fluidos perispirituais com os fluidos perispirituais do médium, que passam a formar uma espécie de "atmosfera fluídico-espiritual" comum às suas individualidades, at­mosfera esta que torna possível os fenômenos mediúnicos nos seus di­ferentes tipos.
Resumindo, as principais funções do perispírito são:
1.Servir de veículo de união do corpo físico com o Espírito;
2.Arquivar nas suas camadas sutis e permanentes, os conhecimentos adquiridos através de nossa evolução individual;
3.Irradiar-se em volta do corpo físico, interpenetrando-o, constituindo um dos componentes da aura humana;
4.Servir de molde para a formação do corpo físico;
5.Permitir a ocorrência dos fenômenos mediúnicos.

"Tão arrojada é a tentativa de transmitir informes sobre a questão aos companheiros encarnados, quão difícil se faria esclarecer à lagarta com respeito ao que será ela depois de vencer a inércia da crisálida colocado no chão, arrastando-se pesadamente, o inseto não desconfia que transporta consigo os germes das próprias asas." (Emmanuel)
Bibliografia
1)O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2)A Gênese - Allan Kardec
3)Obras Póstumas - Allan Kardec
4)Antologia do Perispírito - José Jorge
5)Correnteza de Luz - José Raul Teixeira
6)Alma Humana - Antônio Freire

Estou repassando por ser do ideal Espírita... 

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