segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A amizade

O amigo é uma bênção que nos cabe cultivar no clima da gratidão.
Quem diz que ama e não procura compreender e nem auxiliar, nem amparar e nem servir, não saiu de si mesmo ao encontro do amor em alguém.
A amizade verdadeira não é cega, mas se enxerga defeitos nos corações amigos, sabe amá-los e entendê-los mesmo assim.
Teremos vencido o egoísmo em nós quando nos decidirmos a ajudar aos entes amados a realizarem a felicidade própria, tal qual entendem eles, deva ser a felicidade que procuram, sem cogitar de nossa própria felicidade.
Em geral, pensamos que os nossos amigos pensam como pensamos, no entanto, precisamos reconhecer que os pensamentos deles são criações originais deles próprios.
A ventura real da amizade é o bem dos entes queridos.
Assim como espero que os amigos me aceitem como sou, devo, de minha parte, aceitá-los como são.
Toda vez que buscamos desacreditar esse ou aquele amigo, depois de havermos trocado convivência e intimidade, estaremos desmoralizando a nós mesmos.
Em qualquer dificuldade com as relações afetivas é preciso lembrar que toda criatura humana é um ser inteligente em transformação incessante, e, por vezes, a mudança das pessoas que amamos não se verifica na direção de nossas próprias escolhas.
Quanto mais amizade você der, mais amizade receberá.
Se Jesus nos recomendou amar os inimigos, imaginemos com que imenso amor nos compete amar aqueles que nos oferecem o coração.
(Ditado pelo espírito de André Luiz através da psicografia de Francisco Candido Xavier)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O Egoísmo

Na ótica espíta
No passado, a brutalidade do egoísmo falava pelo fio da espada e pela indiferença como o modo de ser normal dos seres: As criaturas enfermas se viam condenadas ao ostracismo e á penúria. Os leprosos tinham como refúgio, o vale infecto. Os famintos dependiam da sorte ou de crime para conseguirem sustento. As moradias se edificavam em ruelas escuras e sombrias, onde o medo e a violência espreitavam a cada beco. A higiene era relegada a coisa secundária, convivendo os cortesãos palacianos com luxo do vestuário e das perucas em meio ao odor acre da urina oculta por detrás de vastas cortinas ou das fezes sob as escadas de mármores raros. Os caminhos lamacentos contrastavam com a ausência de sapatos ou precariedade dos meios de transporte. As guerras devastavam as esperanças e a necessidade de estabilidade social e individual. Doenças e ratos, insetos e epidemias consumiam as criaturas como gravetos atirados ao incêndio voraz. No entanto, apesar de tais conseqüências, fruto amargo da semeadura de um homem indiferente, o Amor vigiava e se empenhava em melhorar o panorama da vida. Em função desse esforço, através do exemplo de Jesus, pudemos receber os pousos que abrigavam os doentes, na primeira casa cristã de caridade espontânea e inusitada, na moradia de Pedro. Estimulados pela alegria que se espalhava no olhar dos necessitados, multiplicaram-se as casas de misericórdia pelo mundo, fechando-se, com o tempo e graças ao esforço dos abnegados seguidores do Mestre, os vales de exílio desumano. Dispensários e albergues, sopas caridosas e movimentos de assistência fraterna buscaram alimentar a desdita humana, através de obras pias e generosas. No esforço de melhorar a Terra, o Amor estimulou o aprendizado e mestres vestiram a veste carnal para desenvolver as técnicas humanas, aperfeiçoando os processos e modificando as antigas estruturas urbanas, afastando o caos. Reconheceu-se a necessidade do saneamento como forma profilática insubstituível, no sentido de minimizar os problemas causados pelo ajuntamento humano em comunidades cada vez maiores. Em face de escassez de meios, espíritos preparados aceitaram a difícil tarefa missionária de regressar ao corpo físico para desenvolver máquinas, sistemas conceitos e teorias de apoio ao anseio de melhores condições de vida. Ante a escuridão dos tenebrosos elos das cruzadas e da inquisição, a resposta do Amor foi aquilo que ficou conhecido como período do “renascimento”, que em todos os sentidos e setores, enriqueceu o mundo conhecido com inventos, descobertas, criações artísticas, embelezando e trazendo novos conceitos estéticos, éticos e políticos para o novo ciclo da humanidade. Aparelhos favoreceram a localização mais exata no seio dos mares indevassados e a arte da construção naval propiciou que navios mais robustos cruzassem os oceanos, descobrindo mais riquezas e civilizações. A imprensa produziu a multiplicação do conhecimento a partir de pequena prensa e algumas letras lavradas na madeira podre, afastando a lentidão dos copistas. A compreensão dos processos da enfermidade e das necessárias cautelas no combate á sua transmissão, levaram os homens a melhorar a condição de saneamento, buscando a canalização da água limpa e a colheita dos dejetos separadamente, descartando-os com segurança. Combateu-se a lama das ruas com pedras de revestimento. O amor inspirou que se acendessem lampiões para iluminar os caminhos no cair da noite, clareando-os e afastando o impulso criminoso. Desenvolveu-se a justiça, partindo da barbárie da lei do mais forte para chegar á força do direito escrito na regularidade da lei e juízes substituiu reis ou governantes na administração das penas. Criou-se o sistema policial para reprimir o avanço da enfermidade social representada pelo delito que desestabiliza as relações humanas. Escolas se abriram, igrejas se fundaram, albergues se multiplicaram e, em todos os países as sementes do Amor que Jesus espalhou fizeram as frutificações no coração das pessoas, identificando fora de si às mesmas generosas lições que Deus colocou no íntimo dos espíritos por Ele criados. Hoje pode parecer que o mundo está mal aos que só tenham olhos para o agora. No entanto, no simples comparativo que se faça com o que ele já foi não se há como negar que, apesar dos esforços com que esse velho e sinistro sinônimo da ignorância, - o egoísmo- continua tentando piorar as coisas no hoje, as coisas já foram muito piore antes. O Amor vem educando o egoísmo, fazendo com que maior parcela de seres humanos consiga diminuí-lo em si mesmos, com reflexos positivos no equilíbrio de todos, Ainda ocorrem mortes, ainda existem fome, violência, dores e lágrimas, doenças e injustiças. Mas isso não é culpa do Amor. Afinal, infelizmente ainda existem muitos egoístas apegados ao mundo que eles mesmos desejam preservar. Deixe que o Amor os contagie e os esculpa na soberana obra-prima da caridade verdadeira.
Capítulo XI- O Evangelho Segundo o Espiritismo
 Foi tirado do Livro: Relembrando a Verdade
André Ruiz pelo espírito Plúbio
Editora IDE

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A história do Lápis



Sheila Souza: DR: José Carlos de Lucca

O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou:
A vovó está escrevendo uma história que aconteceu conosco? E por acaso, é uma história sobre mim?
A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto:
- Estou escrevendo sobre você, é verdade.
Entretanto, mais importante do que as palavras, é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse.
O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial.
- Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida!
- Tudo depende do modo como você olha as coisas. Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo.
"PRIMEIRA QUALIDADE: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma Mão que guia seus passos. Esta Mão nós chamamos de DEUS, e Ele deve sempre conduzi-lo em direção à Sua vontade".
"SEGUNDA QUALIDADE: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo, e usar o apontador. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas no final, ele está mais afiado. Portanto, saiba suportar algumas dores, porque elas o farão ser uma pessoa melhor."
"TERCEIRA QUALIDADE: o lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que estava errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, mas algo importante para nos manter no caminho da justiça".
"QUARTA QUALIDADE: o que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, mas o grafite que está dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você."
Finalmente, a "QUINTA QUALIDADE: ele sempre deixa uma marca. Da mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida irá deixar traços, e procure ser consciente de cada ação".

Autor desconhecido.
Repassando.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A comunidade dos espíritos puros

Na ótica espírita
Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias.
Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos.
A primeira verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção. Não é nosso propósito trazer à consideração dos estudiosos uma nova teoria da formação do mundo. A Ciência de todos os séculos está cheia de apóstolos e missionários. Todos eles foram inspirados ao seu tempo, refletindo a claridade das Alturas, que as experiências do Infinito lhes imprimiram na memória espiritual, e exteriorizando os defeitos e concepções da época em que viveram na feição humana de sua personalidade.
Na sua condição de operários do progresso universal, foram portadores de revelações gradativas, no domínio dos conhecimentos superiores da Humanidade. Inspirados de Deus nos penosos esforços da verdadeira civilização, as suas idéias e trabalhos merecem o respeito de todas as gerações da Terra, ainda que as novas expressões evolutivas do plano cultural das sociedades mundanas tenham sido obrigadas a proscrever as suas teorias e antigas fórmulas.
Lembrando-nos, porém, mais detidamente, de quantos souberam receber a intuição da realidade nas perquirições do Infinito, busquemos recordar o globo terráqueo nos seus primeiros dias.

Que força sobre-humana pôde manter o equilíbrio da nebulosa terrestre, destacada do núcleo central do sistema, conferindo-lhe um conjunto de leis matemáticas, dentro das quais se iam manifestar todos os fenômenos inteligentes e harmônicos de sua vida, por milênios de milênios? Distando do Sol cerca de 149.600.000 quilômetros e deslocando se no espaço com a velocidade diária de 2.500.000 quilômetros, em torno do grande astro do dia, imaginemos a sua composição nos primeiros tempos de existência, como planeta.
Laboratório de matérias ignescentes, o conflito das forças telúricas e das energias físico-químicas opera as grandiosas construções do teatro da vida, no imenso cadinho onde a temperatura se eleva, por vezes, a 2.000 graus de calor, como se a matéria colocada num forno, incandescente, estivesse sendo submetidos aos mais diversos ensaios, para examinar-se a sua qualidade e possibilidades na edificação da nova escola dos seres. As descargas elétricas, em proporções jamais vistas da Humanidade, despertam estranhas comoções no grande organismo planetário, cuja formação se processa nas oficinas do Infinito. 
 Livro A Caminho da Luz
Ditada pelo espírito: Emmanuel Médium: Francisco Cândido Xavier (De 17 de agosto a 21 de setembro de 1938)
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
DEPARTAMENTO EDITORIAL
Rua Souza Valente, 17
20941-040

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Sobre Deus

Nossos deuses são nossos desejos projetados até os confins do universo. Há tantos deuses quanto rostos



TRÊS HOMENS olham para o horizonte. O sol se anuncia colorindo de abóbora e sangue umas poucas nuvens escuras. Um deles diz: "Vejo, no meio das nuvens vermelhas, uma casa. Na janela, um vulto acena para mim." O segundo homem diz: "Vejo, no meio das nuvens vermelhas, uma casa. Mas não há nenhum vulto acenando para mim. A casa está vazia, é desabitada." O terceiro homem diz: "Não vejo vulto, não vejo casa. Vejo as nuvens abóbora e sangue... E como são belas! Sua beleza me enche de alegria!"
Essa é uma parábola metafísica. O primeiro homem vê, no meio das nuvens, um vulto, quem sabe o senhor do universo. Se eu gritar, ele me ouvirá. Para isso há as orações: gritos que pronunciam o Nome Sagrado, à espera de uma resposta. O segundo vê a casa, mas a casa está casa vazia, não tem morador. É inútil gritar, porque não haverá resposta. É o ateu... E como dói viver num universo que não ouve os gritos dos homens... O terceiro, que não vê nem casa e nem vulto, vê apenas a beleza -que nome lhe dar? Acho que o nome seria "poeta".
A beleza é o Deus dos poetas. Quem disse isso foi a poeta Helena Kolody: "Rezam meus olhos quando contemplo a beleza. A beleza é a sombra de Deus no mundo."
Borges relata que, segundo o panteísta irlandês Scotus Erigena, a Sagrada Escritura contém uma infinidade de sentidos. Por isso, ele a comparou à plumagem irisada de um pavão. Séculos depois, um cabalista espanhol disse que Deus fez a Escritura para cada um dos homens de Israel. Daí por que, de acordo com ele, existem tantas Bíblias quantos leitores da Bíblia. Cada leitor vê na Bíblia a imagem do seu próprio rosto.
O teólogo Ludwig Feuerbach disse a mesma coisa de forma poética: "Se as plantas tivessem olhos, gosto e capacidade de julgar, cada planta diria que a sua flor é a mais bonita." Os deuses das flores são flores. Os deuses das lagartas são lagartas. Os deuses dos cordeiros são cordeiros. Os deuses dos lobos são lobos. Nossos deuses são nossos desejos projetados até os confins do universo. Dize-me como é o teu Deus e eu te direi quem és...
Mosaicos são obras de arte. São feitos com cacos. Os cacos, em si, não têm beleza alguma. Mas, se um artista os juntar segundo uma visão de beleza, eles se transformam numa obra de arte. As Escrituras Sagradas são um livro cheio de cacos. Nelas se encontram poemas, histórias, mitos, pitadas de sabedoria, relatos de acontecimentos portentosos, textos eróticos, matanças, parábolas... Ao ler as Escrituras, comportamo-nos como um artista que seleciona cacos para construir um mosaico. Cada religião é um mosaico, um jeito de ajuntar os cacos.
Como no caso do labirinto literário de Borges cujos cacos eram peças de um quebra-cabeças que, juntos, formavam o seu rosto, também o mosaico que formamos com os cacos dos textos sagrados tem a forma do nosso rosto. Há tantos deuses quanto rostos há. Assim, quando alguém pronuncia o nome "Deus" há de se perguntar: "Qual?" 

                                                 RUBEM ALVES

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O Medo da Morte

Na ótica Espírita
O medo da morte, o despreparo, o desconhecimento do processo, pelos enfermos ou familiares, leva muitas vezes a sofrimentos profundos, conflitos íntimos, desejo de reter na vida física um corpo que já não tem recursos energéticos para tanto… Numa situação similar, o agonizante passa a sofrer com a angústia dos circunstantes que emitem fios magnéticos em sua direção, retendo-o no corpo debilitado por horas ou mesmo alguns dias, prolongando um sofrimento que inevitavelmente terminará com a morte.
A Doutrina Espírita promove o esclarecimento sobre viver e morrer, nascer e desencarnar. Foram Espíritos bem-aventurados, emissários do Cristo, que nos fizeram as revelações, para que, compreendendo melhor esse processo natural, o ser humano deixe de se aterrorizar e alivie o psiquismo diante da inflexível verdade: após um período de crescimento físico e aprimoramento do espírito, as forças declinam e ele voltará ao ponto de origem – o mundo espiritual. Nesse plano ele poderá ser recebido por parentes, amigos, benfeitores; na pior das hipóteses encontrarão com inimigos ferrenhos, cobradores de dívidas. “A cada um segundo suas obras”.
O Espiritismo veio para matar a morte...

Luiz Sergio Livro: Plenitude da Esperança

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O Homem de Bem

            O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e caridade, na sua maior pureza. Se interroga a sua consciência sobre os próprios atos, pergunta se não violou essa lei, se não cometeu o mal, se fez todo o bem que podia, se não deixou escapar voluntariamente uma ocasião de ser útil, se ninguém tem do que se queixar dele, enfim, se fez aos outros aquilo que queria que os outros fizessem por ele.
            Tem fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria; sabe que nada acontece sem a sua permissão, e submete-se em todas as coisas à sua vontade.
            Tem fé no futuro, e por isso coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
            Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções, são provas ou expiações, e as aceita sem murmurar.
            O homem possuído pelo sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo bem, sem esperar recompensa, paga o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre o seu interesse à justiça.
            Encontra usa satisfação nos benefícios que distribui, nos serviços que presta, nas venturas que promove, nas lágrimas que faz secar, nas consolações que leva aos aflitos. Seu primeiro impulso é o de pensar nos outros., antes que em si mesmo, de tratar dos interesses dos outros, antes que dos seus. O egoísta, ao contrário, calcula os proveitos e as perdas de cada ação generosa.
            É bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças nem de crenças, porque vê todos os homens como irmãos.
            Respeita nos outros todas as convicções sinceras, e não lança o anátema aos que não pensam como ele.
            Em todas as circunstâncias, a caridade é o seu guia. Considera que aquele que prejudica os outros com palavras maldosas, que fere a suscetibilidade alheia com o seu orgulho e o seu desdém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever do amor ao próximo e não merece a clemência do Senhor.
            Não tem ódio nem rancor, nem desejos de vingança. O exemplo de Jesus perdoa e esquece as ofensas, e não se lembra senão dos benefícios. Porque sabe que será perdoado, conforme houver perdoado.
            É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que ele mesmo tem necessidade de indulgência, e se lembra destas palavras do Cristo: “Aquele que está sem pecado atire a primeira pedra”.
            Não se compraz em procurar os defeitos dos outros, nem a pô-los em evidência. Se a necessidade o obriga a isso, procura sempre o bem que pode atenuar o mal.
            Estuda as suas próprias imperfeições, e trabalha sem cessar em combatê-las. Todos os seus esforços tendem a permitir-lhe dizer, amanhã, que traz em si alguma coisa melhor do que na véspera.
            Não tenta fazer valer o seu espírito, nem os seus talentos, às expensas dos outros. Pelo contrário, aproveita todas as ocasiões para fazer ressaltar a vantagens dos outros.
            Não se envaidece em nada com a sua sorte, nem com os seus predicados pessoais, porque sabe que tudo quanto lhe foi dado pode ser retirado.
            Usa mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe tratar-se de um depósito, do qual deverá prestar contas, e que o emprego mais prejudicial para si mesmo, que poderá lhes dar, é pô-los ao serviço da satisfação de suas paixões.
            Se nas relações sociais, alguns homens se encontram na sua dependência, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus. Usa sua autoridade para erguer-lhes a moral, e não para os esmagar com o seu orgulho, e evita tudo quanto poderia tornar mais penosa a sua posição subalterna.
            O subordinado, por sua vez, compreende os deveres da sua posição, e tem o escrúpulo de procurar cumpri-los conscientemente. (Ver cap.XVII, nº 9)
            O homem de bem, enfim, respeita nos seus semelhantes todos os direitos que lhes são assegurados pelas leis da natureza, como desejaria que os seus fossem respeitados.

            Esta não é a relação completa das qualidades que distinguem o homem de bem, mas quem quer que se esforce para possuí-las, estará no caminho que conduz às demais.


O Evangelho Segundo o Espiritismo

Por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano