quinta-feira, 29 de setembro de 2011

MEDICINA E FILOSOFIA

Atrás explicamos que a culpa e o erro fundamen­tal dos nossos tempos repousam no orgulho e na rebelião a ordem divina das coisas, de que derivam muitos males e muitas dores. Aqui não falaremos desse erro moral, especialmente em relação ao trabalho e aos bens úteis da vida, mas o faremos com relação a nossa saúde física. Procuraremos precisar os efeitos da moderna psicologia de independência, quando ela penetra também esse nobre ramo da ciência, que é a medicina.
Repassemos agora as ruinosas o que uma orientação excessivamente materialista e hedonista conduziu a ciência, e encaremos a urgente necessidade de conferir a esta uma superior fi­nalidade ética. O homem que preferiu o seu eu a Deus e acredita tornar-se senhor e centro do seu mun­do, por mais que queira manter-se objetivamente apegado apenas aos fatos e, ausente e neutro em face de qualquer meta ideal, só por esta sua atitude, fixou uma afirmação axiomática e dogmática que colorirá toda a sua concepção, ainda que tal premissa esteja oculta no subconsciente. Disto não pode nascer senão uma medicina que tende a substituir-se a natureza e que prescinde do poder curativo desta, a ponto de acre­ditar poder e dever corrigi-la e suplantá-la. Assim, hoje, enquanto a medicina se guarda bem de pos­suir uma filosofia, efetivamente tem uma, da qual depende a sua orientação. Também aqui não se pode prescindir do fator moral que, sendo superior a todas as leis humanas, as penetra a todas de modo a se encontrar em todas, ainda que seja negado. Igualmente aqui se verifica a habitual cadeia — ignorância, erro, mal, dor, e também aqui os mesmos resultados como nos outros casos.
Encaremos o problema mais de perto. Nenhum campo como no da medicina, que intervém em nosso mundo orgânico, é tão pejado de conseqüências no­civas como esse moderno espírito rebelde às leis da vida, o qual pretende erigir-se em plena autonomia, para adaptá-la aos próprios fins hedonísticos. A saúde é fenômeno de longas e longínquas repercussões, é um equilíbrio profundo das energias da vida que o homem moderno perturba com extrema facilidade, le­vando uma vida contra a natureza, e que ele preten­de depois restabelecer com a varinha mágica do me­dico e da medicina, com o milagre da descoberta científica. E acredita facilmente nisto que agrada e é cômodo, tanto mais que isto se presta à exploração industrial e individual, havendo quem tenha interes­se em criar e manter tais credulidades. No entanto a vida é feita de maneira diversa, e nem a podemos alterar a nosso talante. E se tentarmos na tal empre­sa, as forças da vida reagirão, punindo-nos pelo erro. É certo que a imbecilidade das massas parece ilimitada e biologicamente é inevitável que os fracos se­jam explorados. Como isto é rendoso para os esper­tos, prova-o a concorrência que existe hoje na indústria da exploração de tal imbecilidade, em todo o campo possível e imaginário. Mas é verdade tam­bém que, dada a grande compreensão da maioria, nada melhor a pode educar do que ter sido ela es­carmentada com o próprio prejuízo. Em todas as esferas de ação a vida adota esse sistema para induzir-nos a compreender, isto é, a progredir.
O dano em medicina é grave, visto que se trata de uma terapêutica desorientada, que aplicada em larga escala ameaça a constituição orgânica, sobre­tudo das raças civilizadas, que dela fazem mais uso. É verdade que a vida é uma batalha que cada qual deve combater com as próprias armas, com as próprias características e com os meios acumulados no tempo, e isto no campo orgânico como no espiritual. É verdade também que a vida possui poderes corre­tivos e de recuperação, em face dos piores erros e, por conseguinte, pode resistir aos maiores assaltos. Mas nós não estamos em grau de dizer quantas do­res isto custará ao homem moderno.
Hoje domina a terapêutica antimicrobiana, a qual determina uma intervenção contínua e difusa de pro­dutos que, penetrando no organismo, tendem a modificar a própria estrutura das células, determinando um progressivo declínio orgânico e conseqüente decadência constitucional. A caça ao micróbio reduz-se a uma conturbação, pela qual se prejudicam as na­turais forças defensivas e se produz crescente vulne­rabilidade orgânica. Freqüentemente se obterá uma vantagem imediata, mas é necessário ver o que de nos custará pelas suas conseqüências. Não obs­tante a floração de descobertas e de novos remédios a jato contínuo, os organismos resistem cada vez menos: se os auxiliamos de um lado, eles cedem de outro. E natural que eles se enfraqueçam na proporção da defesa que lhes é prestada. A multiplicação dos remédios corresponde assim uma multiplicação de males. Ademais, as enfermidades se tornam amor­fas, atípicas, o que significa que se perturbou a ló­gica estratégia posta em prática pela inteligência da vida. Os organismos não reagem mais ou, se reagem, o fazem desordenadamente, o que significa que a natureza foi induzida à desorganização. O difundido uso dos produtos sintéticas significa o emprego de um mal sucedâneo que, se possui as características químicas, não pode ter de modo nenhum as orgânicas, dado que a vida contém forças sutis, que alcançam mesmo o campo espiritual.
Sem poder entrar aqui em particulares, este é o resultado da terapêutica moderna. Por querer ser imparcial e objetiva, ela carece da orientação geral, que só uma filosofia da vida pode conceder. Por permanecer positiva, lhe escapam muitos fundamentais imponderáveis. Não possuindo o senso da unidade cósmica, lhe fogem também o da unidade orgânica, e assim igualmente o poder de síntese, perdida como está na análise, na especialização clínica, no localis­mo patológico e no fracionamento sintomático. E sem esse poder de síntese não se chega a cumprir o ato individual da intuição que é o diagnóstico e o prog­nóstico. Não se pode compreender um momento par­ticular da vida, se não se está antes orientado no seu discernimento compreendendo primeiramente o funcionamento orgânico do universo. No estudo da vida não se pode prescindir da ordem espiritual em que ela se move, nem é lícito ignorá-la. Uma medicina naturalista é, pela própria natureza, incompleta e incompetente para julgar os fenômenos vitais. Escapa-lhe a essência des­tes. Não obstante ela negá-lo possui, em realidade, uma filosofia mais negadora da substância da vida, como é o seu materialismo. Tal é a nossa medicina analista, organicista e microbiana.
Essa sua psicologia de batalha antimicrobiana lhe vem da psicologia do século, que é de revolta e não de adesão à sabedoria das leis, ou seja, psicolo­gia do homem ainda involuído. A caça ao micróbio, se este é realidade, pode ser empirismo como orien­tação geral. Mas quem nos assegura que o micróbio não seja senão o efeito, ao invés da causa da molés­tia, visto que ele surge quando o terreno orgânico já está preparado pelo morbo e que sobre o mesmo terreno orgânico, ainda quando seja patogênico, não exercite funções particulares? Quem nos diz que o doente não seja um ser que a vida coloca sob cuida­do para curá-lo, mais do que um ser que espera a extrema-unção humana para normalizar-se? Esta con­cepção desloca tudo, fazendo passar para um primei­ro plano a sabedoria da natureza e para um segundo a do médico, visto que hoje as coisas estão invertidas. Mas a medicina consiste em seguir esta sabedoria e não substituir-se a ela para coagi-la.
O primeiro e verdadeiro grande médico é a na­tureza, grande concorrente da medicina oficial, médico que todos tem em si e que vigia e age continua­mente. Ela representa a universal presença de Deus, sempre benéfica e restauradora. O conceito do micróbio patogênico deriva do instinto de luta do ho­mem ainda involuído. É impossível seguir o bacilo e atingi-lo nas profundidades vivas do tecido, porque ele aí não se encontra como uma intromissão estra­nha, mas como em combinações de simbiose, que fa­zem parte dos próprios equilíbrios da vida. Ele mesmo é nossa vida, com funções vitais e não se pode Isolar nas infinitas interdependências orgânicas. A natureza o utiliza na sua estratégia defensiva. Os mi­cróbios não são os antagonistas da vida, mas os seus colaboradores. Mesmo quando agem contra ela, exci­tam-lhe as reações vitais.
Quando a vida adverte o assalto, adota muitos meios entre os quais ressalta a elevação da temperatura que se chama febre. Esta representa um mais alto potencial elétrico celular, especialmente do san­gue, uma posição mais enérgica para a batalha. Os medicamentos destinados a suprimir a mobilização desse dinamismo expresso pelo processo febril, vão demolir as naturais defesas orgânicas e paralisam a luta engajada pela natureza. A vida é um inteligente princípio espiritual que quer a conservação do indivíduo, porque viver tem um escopo e ela quer atin­gi-lo. As moléstias representam uma verdadeira estratégia com movimentos calculados em intensidade e duração conduzidos com ritmo próprio, que exprime pela sintomatologia. Elas representam, em suma, uma inteligente operação de guerra. Se tais planos forem transtornados, paralisando artificialmen­te a reação febril, toda a defesa se desorganizará. Então a natureza ou resiste à cura e trava a sua ba­talha da mesma forma ou se transfere para outra ocasião. Entrementes nós poderemos ter tornado tão difícil o seu trabalho, que poderá suceder que a batalha seja perdida e o organismo sucumba. Alte­ra-se assim, completamente, o conceito de saúde. Esta não é dada tanto pelas boas condições do ambi­ente, quanto pela capacidade de resistência do in­divíduo. Pelo contrário, a vida, se muito protegida, se enfraquece.
É necessário que nos exponhamos que lutemos, para que devamos aprender a vencer. A célula só se torna passível de agressão da parte dos germes pa­togênicos quando o seu índice bio-físico-químico sofreu alteração. O estado de saúde não deve, por con­seguinte, ser esperado de um ambiente artificialmen­te corrigido, mas, sobretudo de nós mesmos e isto é o resultado de uma longa história individual e cole­tiva, história em que a vida tudo registra de bem e de mal com suma justiça e vontade de fazer o bem.
As nossas atuais concepções dependem de uma falsa orientação filosófica. Não está errada a ciência que observa objetivamente, mas está errada a psico­logia com que se aplicam os seus resultados. Em nosso caso, se é perigoso ser demasiado filósofo e pou­co médico, como sucedeu nos séculos passados, é perigoso também, como possivelmente por reação sucede hoje, ser demasiado médico e pouco filósofo. Um pouco de filosofia é necessário também para supe­rar o perigo de dispersão representado pelo fragmen­tarismo analítico, ou perigo de perda do sentido uni­tário em um labirinto de fenômenos desconexos. Pa­ra resistir ao fracionamento da ciência na especiali­zação, ocorre à síntese, unificação, orientação filosó­fica. A orientação materialista conferiu â nossa me­dicina um aspecto mecânico, frio, abstrato, em que a alma do paciente sente-se afogada
Também a medicina, da mesma forma como o dissemos, com respeito ao trabalho e assim como deve suceder com todas as manifestações da vida, deve consistir, para ser genética e criadora, em um ato de ­amor. O século futuro deverá aguardar na ciência a conquista dessa nova qualidade, que pertence ao espírito e que falta inteiramente em nosso tempo.



ASCENSÕES HUMANAS

Autor: Pietro Ubaldi

Tradutores: Erlindo Salzano,
Adauto Fernandes Andrade,
Medeiros Corrêa Júnior

ÍNDICE


I             O Princípio de Unidade
  II            A Era da Unidade                                                                                 
  III          Capitalismo e Comunismo                                                                    
  IV           A Unidade Política                                                                                
  V            A Unidade Religiosa                                                                              
  VI           Os Caminhos da Salvação                                                                    
  VII         Fazer a Vontade de Deus                                                                       
  VIII        Como Orar                                                                                             
  IX          A Comunhão Espiritual                                                                        
  X            Paixão                                                                                                    
  XI           Ressurreição                                                                                           
  XII         Cristo Avança                                                                                         
  XIII       Uma Estátua se Move                                                                             
  XIV       Sinais dos Tempos                                                                                   
  XV        O Atual Momento Histórico                                                                    
  XVI       Uma Parábola                                                                                         
  XVII      A Desorientação de Hoje                                                                        
  XVIII     O Erro de Satanás e as Causas da Dor                                                  
  XIX       O Erro Moral                                                                                          
  XX         Medicina e Filosofia                                                                             
  XXI       A Ciência da Orientação                                                                        
  XXII      O Conceito de Poder em Biologia Social                                             
 XXIII      Crise de Civilização                                                                              
 XXIV      Como Funciona o Imponderável                                                         
 XXV       Amor e Procriação                                                                                   
 XXVI      Sexualidade e Misticismo                                                                      
XXVII      Porque Amor é Alegria                                                                          
XXVIII     O Problema da Castidade                                                                     
                    


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Regressão de memória

“Regressão de memória é o processo provocado ou espontâneo, por meio do qual, o espírito encarnado ou desencarnado fica em condições de relembrar o passado, da vida atual ou em existências anteriores, sejam elas recentes ou remotas”.
A definição acima é bem ampla, e está assentada nos preceitos básicos da doutrina espírita, sem, no entanto ser uma criação desta, e nem oriundas de uma revelação transcendental revestidas de caráter místico ou dogmático. Antes é um fenômeno natural que pode ser pesquisado utilizando métodos e técnicas apropriadas, e que apesar dos recentes estudos e pesquisas, sabemos de sua utilização já em culturas antigas como no Egito e na Grécia.
A aplicação prática mais usual para esse tipo de pesquisa, seria uma inclusão no modelo clínico atual no tratamento para as doenças da alma, traumas psicológicos e até somáticos, em muitos casos mostra-se uma técnica que facilita a solução de muitos problemas.
Além disso, vislumbro a perspectiva de podermos utilizar a regressão de memória como instrumento de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, e/ou como instrumento para terapeutas possibilitando um melhor conhecimento do paciente de psicanálise, sobre essa questão sugiro a leitura do livro Investigando Vidas Passadas, de Raymond Moody Jr.
Poderíamos também conjecturar, em que seria possível uma espécie de arqueologia espiritual, onde poderíamos explorar determinados pontos obscuros da história, em beneficio geral da humanidade. Como exemplo cito o livro de HCM - Hermínio C. Miranda, “Eu sou Camille Desmoulins”, onde ele mostra um magnífico caso de regressão, identificando um dos líderes da revolução francesa, o qual teremos um capítulo com a sua síntese. Da minha parte posso acrescentar um outro caso que ainda estou pesquisando (até essa data), onde foi identificadas a Rainha Nefertiti, Faraó do Egito na XVIII dinastia, co-regente com o Faraó Akenaton.
Há de se ressaltar que essa obra foi compilada, quase que totalmente transcrita dos livros de Hermínio C. Miranda, e principalmente do livro “A Memória e o Tempo”. O autor, apesar da sua modéstia, em minha opinião, é um dos maiores pensadores encarnados em se tratando desse assunto,. Uma outra parte foi tirada de diversos autores, bem como do aprendizado próprio através de algumas experimentações práticas de nossa parte. Recomendo ao leitor que caso se interesse por esses estudos não deixe de ler esse e outros livros do autor que constam na bibliografia.
Tirado do Portal do Espírito:Mauricio Mendonça Jr.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

BELEZA NATURAL

                   
     Ó alma humana! torna a descer à Terra, recolhe-te; vira as páginas do grande livro aberto a todos os olhares; lê, nas camadas do solo em que pisas, a história da lenta formação dos mundos, a ação das forças imensas preparando o globo para a vida das sociedades.
     Depois, escuta. Escuta as harmonias da Natureza, os ruídos misteriosos das florestas, os ecos dos montes e dos vales, o hino que a torrente murmura no silêncio da noite. Escuta a grande voz do mar! Por toda parte retine o cântico dos seres e das coisas, a vida ruidosa, o queixume das Almas que sofrem ainda, qual se permanecesse aqui, e fazem esforços para se libertar da ganga material que as estreita.
     A floresta estende até ao horizonte longínquo suas massas de verdura que estremecem sob a brisa e ondulam, de colina em colina. Através das espessas ramas, a luz se escoa em louras estrias sobre os troncos das árvores e sobre os musgos; o sopro da brisa folga nas ramagens. O outono junta a esses prestígios a simpatia das cores, desde o verde amarelado até o vermelho rubro e o ouro puro; matiza e cresta as moitas; amarela de ocre os castanheiros, de púrpuras as faias; aformoseia as urzes róseas das clareiras. Embrenhemo-nos sob a folhagem. À medida que avançamos, a floresta nos envolve com seus eflúvios e seu mistério. Aromas fecundos sobem do solo; as plantas exalam sutil perfume. Poderoso magnetismo se desprende das árvores gigantescas e nos penetra e nos inebria. Mais longe, raios dourados penetram em uma clareira e fazem brilhar os troncos das bétulas quais se fossem as colunatas de um templo. Mais longe ainda, bosques sombrios aparecem, cortados em linha reta por uma aléia que alonga, a perder de vista, suas arcadas de verdura, semelhantes a abóbadas de catedral. Por toda parte, abrem-se refúgios cheios de sombra e de silêncio, solidões profundas que inspiram uma espécie de emoção. Caminhamos aí sob espessas trevas, crivadas de gotas de sol.
     Aqui, uma faia venerável arredonda no flanco de um cabeço seus folhudos zimbórios. Ali, são os carvalhos que inclinam sobre o espelho de uma lagoa suas espessas ramagens. Uma árvore secular, patriarca dos bosques, respeitada pelo machado, e que três ou quatro homens não poderiam abraçar, eleva-se isolada, alta qual uma igreja. O raio a tem visitado várias vezes, conseguindo, apenas, quebrar os seus galhos, deixando-a sempre de pé, altiva e protetora. Seu pé intumesce de raízes monstruosas, alcatifadas de musgos; coleópteros, semelhantes a pedras preciosas, correm sobre sua rugosa casca.
     Em triste solidão, diversos pinheiros expandem seus fustes avermelhados e seus galhos torcidos em forma de lira. Será um capricho da Natureza? O pinheiro é a árvore musical por excelência. Suas agulhas finas e maleáveis balançam ao vento, cheias de carícias e cochichos.
     Como é bom perambular sob a sombra silenciosa e comovente dos grandes bosques, ao longo do límpido regato e dos apagados trilhos traçados pelos cabritos! Como é agradável estendermo-nos sobre o veludo das alfombras ou sobre o tapete dos fetos, na base de qualquer rochedo granítico, para seguir o carreiro dos escaravelhos dourados sobre as ervas, das lagartixas sobre a pedra, e prestar ouvidos aos alegres trinados dos passarinhos! Um mundo invisível se agita e freme em redor: concertos dos infinitamente pequenos acalentando o repouso da terra; insetos, em legiões, fazem sua ronda a um raio de luz, ao mesmo tempo em que no cimo de um álamo a toutinegra se externa em garganteios de pérolas. Aqui, tudo é gozo de viver e metamorfose fecunda! No seio de um ramalhete de árvores, a fonte jorra entre os rochedos; ela se espreguiça sobre um leito, de calhaus, entre florinhas e campânulas, hortelãs bravas e salvas. Do sulco esculpido por suas águas, aonde vêm beber os passarinhos, a onde cristalina corre gota a gota e murmura docemente. Um grande pinheiro sombreia e protege a pequenina concha. O vento agita suas agulhas, enquanto a fonte murmura sua cantilena. Um raio de sol, deslizando pela ramagem, vem pôr mil reflexos faiscantes sobre a toalha límpida. No ar, libélulas dançam e folgam; bonitas moscas multicores zumbem ao cálice das flores. Na paisagem tranqüila, a água corrente e murmurante é um símbolo de nossa vida, que surge nas profundezas obscuras do passado e foge, sem nunca parar, para o oceano dos destinos, aonde Deus a conduz para tarefas sempre mais altas, sempre novas. Pequena fonte, pequeno regato, amigo dos filósofos e dos pensadores, vós me falais da outra margem, para a qual eu me encaminho em cada segundo, e me recordais que tudo, em volta dos seres, é lição, ensinamento para quem sabe ver, auscultar e compreender a linguagem desses seres e de todas as coisas!
     Mas, de repente, o vento sul irrompe; sopro poderoso passa sobre a floresta, que vibra qual um órgão imenso. Semelhante a uma onda de esmeraldas, o grande fluxo vegetal intumesce pouco a pouco, ondula e sussurra. Um coração invisível anima a solidão feraz. Os troncos gigantescos se forcem em longos gemidos. Clamores sobem das touceiras; dir-se-ia o rodar de carros ou de exércitos que se entrechocam.
     O carreiro ganha um planalto e serpenteia através de um bosque de castanheiros. Estas árvores centenares tremem ao vento. Inclinando seus galhos pesadamente carregados, elas parecem dizer ao homem: Colhe meus frutos, nos quais destilei o suco de minha medula; guarda meus galhos mortos, que no inverno aquecerão teu lar. Toma, porém, não sejas ingrato nem indiferente, porque toda a Natureza trabalha para teu proveito. Não sejas ingrato, senão as provações, as rudes lições da adversidade virão fatalmente atingir teu coração, arrancar-te, cedo ou tarde, à tua indiferença, às tuas dúvidas, a teus erros e orientar teu pensamento para compreensão da grande Lei!
     Imediatamente a impressão muda e se adoça. O vento se foi. A charneca sucedeu à floresta; os tojos, as alfazemas, as giestas fazem séqüito à augusta assembléia dos bosques. Sobre uma elevação do solo, um alto monólito se levanta, no centro de um círculo de pedras, coberto de musgo, umas ainda de pé, outras jazendo na relva, contando a história das raças milenares, seus sonhos, suas tradições, suas crenças. O espetáculo dessas pedras enigmáticas nos reconduz ao abismo dos tempos. Daí se origina a melancolia das coisas desaparecidas, enquanto que, ao redor, a Natureza nos dá a sensação de mocidade eterna.
     Nas encostas, vales se abrem, quebradas se aprofundam. Sob moitas bastas e odoríferas, puras, frescas, surgem fontes; seu murmúrio enche o vale. O dia declina. Através das gargantas, em uma chanfradura azulada, o Sol projeta reflexos de púrpura e ouro. Alvores de incêndios aparecem na orla dos bosques. Atrás, sob os fogos do poente, a grande floresta zimborial expande seus bosques gigantescos, seus maciços cerrados, todo o suntuoso e cativante vestuário de que o outono o adornou. Os raios oblíquos do Sol perpassam entre as colunatas e vão iluminar as solidões longínquas; fazem sobressair as folhagens multicores; uivos variados, ouros foscos, vermelhos brilhantes, cromos e lacas; tudo se ilumina, tudo flameja em uma espécie de apoteose. Diante dessa fantástica decoração, que me fascina, na paz da tarde, meu pensamento se exalta e eleva, sobe à Casa de tantas maravilhas, para a glorificar!
(Léon Denis – Obra: O Grande Enigma)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Mudança de sexo

UM TEXTO QUE EU ACHEI...
 Na ótica espírita
Uma vez localizados em nova vestimenta física, através da reencarnação, apenas deixam transparecer nos atos aquilo que já tem na consciência. A reencarnação funciona nesses, como em outros casos, como oportunidade de reeducação para quantos de nós temos nos desviado dos caminhos do equilíbrio e do bem. O que nos ensinam os Espíritos Superiores, no entanto, é que devemos proceder a um trabalho de reeducação da moralidade, uma verdadeira cirurgia do Espírito, utilizando como instrumentos os ensinamentos do Evangelho de Jesus. Há que se operar radicais transformações íntimas, modificarem os hábitos, as condutas, as palavras, os pensamentos e a própria condição psicológica. Nesse caso, o que geralmente acontece é derteminado espírito, enriquecido através de várias experiências em corpos de configuração feminina ou masculina, forme um arcabouço psicológico de acordo com a sexualidade vivida em várias encarnações. Vindo a necessidade evolutiva de mudança de sexo em nova reencarnação, o espírito retorna muitas vezes com a constituição morfológica de derteminado sexo oposto, devido ás vivencia no passado. No entanto, essas características psicológicas não significam que se deva cair no desequilíbrio da sexualidade desregrada. Vemos muitos exemplos de almas femininas em corpos masculinos, ou o contrário, que não caíram em desequilíbrio, médiuns e toda sorte de pessoas, em várias áreas da experiência reencarnatória, que desenvolvem o seu lado feminino, intuitivo, sensível, ou seu lado masculino, com aquisições do intelecto, da razão. A Lei Divina não favorece o desequilíbrio, mas o crescimento do Espírito... Os Espíritos Superiores ainda deixa o assunto em aberto esta questão...

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Perante os Parentes

Mas se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família,
                                       “Negou a fé e é pior do que infiel” Paulo (1 Timóteo, 5:8)

 Desempenhar todos os justos deveres para com aqueles que lhe comungam as teias da consangüinidade...
Os parentes são os marcos vivos das primeiras grandes responsabilidades do Espírito encarnados...
Intensificar os recursos de afeto, compreensão e boa vontade para os afins mais próximos que não lhe compreendam os ideais...
O lar constitui Candinho redentor das almas endividadas...
Dilatar os laços da estima além do círculo da parentela...
A humanidade é a nossa família...
Acima de todas as injunções e contingências de cada dia, conservar a fidelidade aos preceitos espíritas cristãos, sendo cônjuge generoso e melhor pai, filho dedicado e companheiro benevolente...
Cada semelhante nosso é degrau de acesso á Vida Superior, se soubermos recebe-lo por verdadeiro irmão...
Melhorar, sem desânimo, os contactos diretos e indiretos com pais, irmãos, tios primos e demais parentes, nas lides do mundo, para que a lei não venha a cobrar-lhe novas e mais enérgicas experiências em encarnações próximas...
O cumprimento do dever, criado por nós mesmos, é lei do mundo interior a que não poderemos fugir...
Imprimir em cada tarefa diária os sinais indeléveis da fé que nutre a vida, iniciando todas as boas obras no âmbito estreito da parentela corpórea...
Temos, na família consanguínea, o teste permanente de nossas relações com a Humanidade...

      Waldo Viera, da obra: Conduta Espírita...

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Magnetismo animal

Mesmer foi o médico austríaco criador da teoria do magnetismo animal conhecido pelo nome de mesmerismo. Nasceu a 23 de maio em Iznang, uma pequena vila perto do Lago Constance. Estudou teologia em Ingolstadt e formou-se em medicina na Universidade de Viena. Provido de recursos, dedicou-se a longos estudos científicos, chegando a dominar os conhecimentos de seu tempo, época de acentuado orgulho intelectual e ceticismo. Era um trabalhador incansável, calmo, paciente e ainda um exímio músico.

Em 1775, após muitas experiências, Mesmer reconhece que pode curar mediante a aplicação de suas mãos. Acredita que dela desprende um fluido que alcança o doente; declara: "De todos os corpos da Natureza, é o próprio homem que com maior eficácia atua sobre o homem". A doença seria apenas uma desarmonia no equilíbrio da criatura, opina ele. Mesmer, que nada cobrava pelos tratamentos preferia cuidar de distúrbios ligados ao sistema nervoso. Além da imposição das mãos sobre os doentes, para estender o benefício maior a todos
É importante destacar que todas as teorias ocidentais sobre o mecanismo da doença e as práticas terapêuticas da medicina oficial antes de 1800 eram completamente falsas. As perniciosas terapias, mantidas por tradição e empirismo - sangrias, vomitórios, vesicatórios, doses de ópio e outras fórmulas perigosas -, prejudicavam os pacientes e muitas vezes antecipavam sua morte. As cirurgias, procuradas somente pelos pacientes já sem esperança, eram feitas sem anestesia. Os cirurgiões haviam desenvolvido a habilidade de decepar tumores a sangue frio, cauterizando-os rapidamente com um ferro em brasa. A experiência era traumática e poucos sobreviviam, mesmo porque não havia assepsia alguma. "A ignorância dos séculos precedentes sobre este assunto garantiu aos médicos a confiança supersticiosa que eles possuíam e que inspiravam nos seus específicos e suas fórmulas, tornando-os déspotas e presunçosos", esclareceu Mesmer, em suas Memórias de 1779.
Após seus estudos básicos, concluídos antes da idade comum, Mesmer fez os cursos superiores de Música e Artes, Teologia, Filosofia, Medicina e, em parte, de Direito. No entanto, sua formação médica não foi comum. Ele fez seu quarto Doutorado na Universidade de Viena, reformulada por Van Swieten e De Haen, discípulos do famoso Herman Boerhaave (1668-1738), o maior professor de medicina de seu tempo. Esse médico visionário, criador da clínica moderna, propôs uma retomada dos princípios da medicina científica, fruto da observação junto aos pacientes e do uso da razão, recuperando os princípios do pai da Medicina, o grego Hipócrates. Sua proposta renovadora incluía, no currículo de Medicina, o estudo das Ciências Naturais, da Física e da Química, e as então recentes descobertas fisiológicas. Para Boerhaave, uma força vital - vis vitae - era responsável pela manutenção da saúde orgânica. Foi a partir dessas idéias, e da experimentação científica, que Mesmer fez as suas descobertas, chegando a conclusões opostas ao materialismo mecanicista da medicina oficial.
Entre tantas calúnias e difamações, Franz Anton Mesmer foi acusado também de ser ateu e materialista. N o entanto, a ciência do magnetismo animal nasceu da tradição vitalista, corrente científica de grande destaque em sua época. O vitalismo e a ciência do magnetismo animal chamaram a atenção do pesquisador para as causas primárias, unindo as tradições filosóficas espiritualistas á ciência.
J. L. Grandchamp, expondo idéias íntimas de Mesmer que alguém tão próximo poderia revelar, comentou que: O interesse, a inveja, o ciúme servem-se de todas as armas ofensivas para atacar o senhor doutor Mesmer pela calúnia. Acusaram-no de ateísmo, de materialismo, últimos recursos da perseguição.
O resultado das meditações e pesquisas de Mesmer foi “um vasto sistema de influencias ou revelações ou de relações que ligam todos os seres, as leis mecânicas e mesmo o mecanismo das leis da natureza.” E então ele completou: “Ver-se-á, ouso crer, que estas descobertas não são produto do acaso, mas sim o resultado do estudo e da observação das leis da natureza. Que a prática que eu ensino não é um empirismo cego, mas um método racional”.Ou seja o magnetismo animal foi uma proposta científica iluminista que surgiu a partir de um modelo filosófico holístico, dualista, espiritualista e deísta. Uma alternativa racional á tradição materialista da medicina ordinária ou galênica. Mesmer ensinava que a sua terapia dependia diretamente do sentimento do magnetizador. Era preciso desejar a cura com sinceridade para obter sucesso, o que exigia um esforço moral.
Era esse o segredo do magnetismo animal descoberto por Mesmer, e tão especulado em sua época...
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Livro; A Ciência Negada e os Textos Escondidos.
Coleção; Conspiração do Silêncio.
Paulo Henrique de Figueiredo


terça-feira, 6 de setembro de 2011

FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL

FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL
O Livro dos Espíritos, q. 1 e 27
Obra codificada por Allan Kardec
Figuras: Elio Mollo
“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”.
Resposta dada pelos Espíritos Superiores a Allan Kardec na q. 1 de «O LIVRO DOS ESPÍRITOS».
Há dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas.








Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais.
Se o FLUIDO UNIVERSAL fosse simplesmente matéria, não haveria razão para que o
Espírito não o fosse também.
O FLUIDO UNIVERSAL está colocado entre o Espírito e a matéria;
                               Espírito Fluido Universal Matéria
                             [----------------------I-----------------------]
É fluido, como a matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do Espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas
Conheceis uma parte mínima.
Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá. ”q. 27(LE).
Esse fluido é suscetível de inúmeras combinações. O que chamamos de fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que não é propriamente falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente.
q. 27. a (LE).
Elementos fluídicos
A Gênese, cap. XIV. Itens de 2 a 6
Obra codificada por Allan Kardec
O FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL é a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza.
Como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos:
· eterização ou imponderabilidade - primitiva estado normal
· materialização ou de ponderabilidade - consecutivo ao estado normal primitivo
O ponto intermédio é o da transformação do fluido em matéria tangível.




Mas, ainda aí, não há transição brusca, porquanto podem considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo médio entre os dois estados.
Cada um desses dois estados dá lugar, naturalmente, a fenômenos especiais: ao segundo pertencem os do mundo visível e ao primeiro os do mundo invisível. Uns, os chamados fenômenos materiais, são da alçada da Ciência propriamente dita, os outros, qualificados de fenômenos espirituais ou psíquicos, porque se ligam de modo especial à existência dos Espíritos, cabem nas atribuições do Espiritismo.






Como, porém, a vida espiritual e a vida corporal se acham incessantemente em contacto,
os fenômenos das duas categorias muitas vezes se produzem simultaneamente. No estado de encarnação, o homem somente pode perceber os fenômenos psíquicos que se prendem à vida corpórea; os do domínio espiritual escapam aos sentidos materiais e só podem ser percebidos no estado de Espírito. (1)
(1) A denominação de fenômeno psíquico exprime com mais exatidão o pensamento, do que a de fenômeno espiritual, dado que esses fenômenos repousam sobre as propriedades e os atributos da alma, ou, melhor, dos fluidos perispiríticos, inseparáveis da alma. Esta qualificação os liga mais intimamente à ordem dos fatos naturais regidos por leis; pode-se, pois, admiti-los como efeitos psíquicos, sem os admitir a título de milagres.
No estado de eterização, o fluido cósmico não é uniforme;





Sem deixar de ser etéreo, sofre modificações tão variadas em gênero e mais numerosas talvez do que no estado de matéria tangível. Essas modificações constituem fluidos distintos que, embora procedentes do mesmo princípio, são dotados de propriedades especiais e dão lugar aos fenômenos peculiares ao mundo invisível.
Dentro da relatividade de tudo, esses fluidos têm para os Espíritos, que também são fluídicos, uma aparência tão material, quanto a dos objetos tangíveis para os encarnados e são, para eles, o que são para nós as substâncias do mundo terrestre. Eles os elaboram e combinam para produzirem determinados efeitos, como fazem os homens com os seus materiais, ainda que por processos diferentes.
Lá, porém, como neste mundo, somente aos Espíritos mais esclarecidos é dado compreender o papel e desempenham os elementos constitutivos do mundo onde eles se acham. Os ignorantes do mundo invisível são tão incapazes de explicar a si mesmos os fenômenos a que assistem e para os quais muitas vezes concorrem maquinalmente, como os ignorantes da Terra o são para explicar os efeitos da luz ou da eletricidade, para dizer de que modo é que vêem e escutam.
Os elementos fluídicos do mundo espiritual escapam aos nossos instrumentos de análise
e à percepção dos nossos sentidos, feitos para perceberem a matéria tangível e não a matéria etérea. Alguns há pertencentes a um meio diverso a tal ponto do nosso, que deles só podemos fazer idéia mediante comparações tão imperfeitas como aquelas mediante as quais um cego de nascença procura fazer idéia da teoria das cores.
Mas, entre tais fluidos, há os tão intimamente ligados à vida corporal, que, de certa forma, pertencem ao meio terreno. Em falta de observação direta, seus efeitos podem observar - se, como se observam os do fluido do imã, fluido que jamais se viu, podendo-se adquirir sobre a natureza deles conhecimentos de alguma precisão. É essencial esse estudo, porque está nele a chave de uma imensidade de fenômenos que não se conseguem explicar unicamente com as leis da matéria.
A pureza absoluta, da qual nada nos pode da r idéia, é o ponto de partida do fluido universal;
O ponto oposto é o em que ele se transforma em matéria tangível.

Entre esses dois extremos, dão-se inúmeras transformações, mais ou menos aproximadas de um e de outro. Os fluidos mais próximos da materialidade, os menos puros, conseguintemente, compõem o que se pode chamar a atmosfera espiritual da
Terra. É desse meio, onde igualmente vários são os graus de pureza, que os Espíritos encarnados e desencarnados, deste planeta, haurem os elementos necessários à economia de suas existências. Por muito sutis e impalpáveis que nos sejam esses fluidos, não deixam por isso de ser de natureza grosseira, em comparação com os fluidos etéreos das regiões superiores.
O mesmo se dá na superfície de todos os mundos, salvo as diferenças de constituição e as condições de vitalidade próprias de cada um. Quanto menos material é a vida neles, tanto menos afinidades têm os fluidos espirituais com a matéria propriamente dita.
Não é rigorosamente exata a qualificação de fluidos espirituais, pois que, em definitiva, eles são sempre matéria mais ou menos quintessenciada. De realmente espiritual, só a alma ou princípio inteligente. Dá-se-lhes essa denominação por comparação apenas e, sobretudo, pela afinidade que eles guardam com os Espíritos. Pode dizer-se que são as matérias do mundo espiritual, razão por que são chamados fluidos espirituais.
Quem conhece, aliás, a constituição íntima da matéria tangível? Ela talvez somente seja compacta em relação aos nossos sentidos; prová-lo-ia a facilidade com que a atravessam os fluidos espirituais e os Espíritos, aos quais não oferece maior obstáculo, do que o que os corpos transparentes oferecem à luz.
Tendo por elemento primitivo o fluído cósmico etéreo, à matéria tangível há de ser possível, desagregando-se, voltar ao estado de eterização, do mesmo modo que o diamante, o mais duro dos corpos, pode volatilizar - se em gás impalpável. Na realidade, a solidificação da matéria não é mais do que um estado transitório do fluido universal, que pode volver ao seu estado primitivo, quando deixam de existir as condições de coesão.
Quem sabe mesmo se, no estado de tangibilidade, a matéria não é suscetível de adquirir uma espécie de eterização que lhe daria propriedades particulares? Certos fenômenos, que parecem autênticos, tenderiam a fazer supô-lo. Ainda não conhecemos senão as fronteiras do mundo invisível; o porvir, sem dúvida, nos reserva o conhecimento de novas leis, que nos permitirão compreender o que se nos conserva em mistério.
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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O nosso destino e a Vontade de Deus.

  Continuemos falando sobre a Divina Providên­cia. Se soubermos olhar em profundidade, ou seja, além da superfície das coisas, veremos um mundo re­gido por leis diferentes das que vigoram em nosso mundo. Trata-se de substituir o espírito de egoísmo e de separatismo vigente, por um espírito de união com Deus e de colaboração com o próximo. Trata-se de nos colocarmos num estado de aceitação perante a Lei de Deus, ao invés de nos colocarmos num estado de imposição para com o próximo. É na aplicação desta nova lei, a do Evangelho, que consiste o segre­do da felicidade e o caminho para fugir dos muitos sofrimentos que nos atormentam.
Falamos de união com Deus, de obediência à Lei, de aceitação da vontade d'Ele. Surge agora a per­gunta: como é possível chegar a compreender esta vontade de Deus a que devemos obedecer? Deus não tem boca, mas fala; não tem mãos, mas opera. Deus está presente, não há dúvida, mas não podemos percebê-Lo em forma material, na superfície das coisas, com os nossos sentidos. Deus esta presente, mas na profundeza de tudo o que existe. Há então dois cami­nhos para percebê-Lo: ou o da introspecção, olhando e penetrando dentro de nós por intermédio da medi­tação ou concentração, ou olhando os efeitos que, da profundidade onde está Deus, vêm até à superfície, revelando assim a natureza das coisas que os ge­ram e movimentam. Pode-se assim chegar a com­preender o pensamento de Deus, pelo menos no que diz respeito à nossa vida, quer afinando os sentidos no caminho da espiritualização, quer para os que não conseguem olhar para dentro, olhando para fo­ra, ou seja, observando o que vai acontecendo co­nosco e ao redor de nós. Não podemos negar que a primeira origem de tudo está na profundidade, e que Deus, embora não tenha mãos, opera. A nossa vida e o nosso destino não se desenrolam ao acaso, mas são dirigidos por Deus. Então, se os acontecimentos podem, até certo ponto, ser o efeito da nossa vonta­de, em grande parte exprimem também a vontade de Deus. As duas vontades se misturam, colaborando quando concordam, e em luta uma contra a outra quando são discrepantes. No primeiro caso, dizem a mesma coisa, e então é fácil conhecer a vontade de Deus. No segundo caso, dizem duas coisas diferen­tes. Mas, quando tivermos separado desse conjunto o que é efeito da nossa vontade, restará aquilo que nos vai revelar qual é a vontade de Deus a nosso respeito.

Se observarmos a nossa vida, veremos que há fatos sobre os quais podemos exercer a nossa livre­-escolha à vontade. Mas, veremos também que exis­tem outros fatos acima da nossa vontade; são acon­tecimentos em relação aos quais não há escapató­rias. Há uma parte da nossa vida regida como que por um destino, com características quase de fatalida­de; há outra vontade, maior do que a nossa, à qual, queiramos ou não, temos de obedecer. Muitos acontecimentos parecem possuir uma vontade própria contra a qual não adianta rebelarmo-nos, nem deles fugir, apesar de o tentarmos por todos os meios. Na vida, há para todos uma parte livre, mas também existe uma parte em relação á qual vigora o princí­pio de aceitação. Aqui está a vontade de Deus, e o espírito da nossa desobediência não tem poder algum. Esta parte pode ser triste ou alegre, de satisfação ou de sofrimento, mas é sempre justa, obrigatória, impos­ta pela Lei. Em geral, esta é a conseqüência fatal do que livremente semeamos em nosso passado; fatal, não por um princípio de fatalismo que nos faria autômatos irresponsáveis, mas como efeito exato da nossa livre-vontade e do que ela quis realizar no ter­reno das causas, para que, conforme a Lei tivesse de atuar no terreno dos efeitos. Aqui termina o do­mínio da nossa livre-escolha e vigora, em seu pleno poder, a Lei, que exige sempre obediência.

Entramos aqui no domínio do destino, e vemos a maneira pela qual o construímos para nós mesmos. O que domina tudo e todos é sempre a Lei, ou seja, a Vontade de Deus. Disso não se pode escapar. Mais cedo ou mais tarde temos de obedecer. Os inteligen­tes procuram conhecer a Lei nos seus princípios ge­rais e a Vontade de Deus no caso particular das suas vidas. Aceitando o que eles sabem que e justo, evi­tam atritos, choques, revoltas que geram a dor. Este é o caminho direto, mais proveitoso, menos doloroso. Se cometerem erros, estão prontos a pagar, de boa vontade, conforme a Lei de Deus. O método da acei­tação pacífica resolve o conflito entre a criatura e a Lei, de maneira mais rápida e tranqüila, qualquer que seja a pena que se deva pagar.

Os que não possuem esta inteligência e boa von­tade, os que estão ainda mergulhados na ignorância  e na revolta, ao invés de aceitar, rebelam-se, aumen­tando assim as suas faltas, piorando a sua posição, amontoando novas dívidas por cima das antigas. Estão acostumados a usar o sistema próprio do plano de vida animal do homem na Terra, segundo o qual o mais forte é o que vale e vence. Mas, não sabem que esse plano de vida inferior encontra-se regido pelas leis dos planos superiores, que a violência só pode dar fruto na Terra e unicamente nesse baixo nível de vida é passível o domínio da injustiça. O que esse tipo de homem julga ser a lei de tudo, não é senão a lei do seu ambiente terrestre. O homem usa, assim, um método errado, o método da revolta, pen­sando que por seu intermédio consegue vencer, im­pondo-se, quando, na verdade está usando um mé­todo que serve apenas para fabricar a dor.

Mas, é lógico e justo que assim seja, porque a dor é a única voz por ele compreendida, e não há outro caminho para guiar um indivíduo, que por natureza tende a ser livre, até compreender a existência da Lei. Rebelar-se é o maior erro que se possa cometer. Se a Lei do universo quer que o caminho para a fe­licidade seja o da obediência, é lícito ao homem construir para si quantos sofrimentos queira, porque isto lhe faz abrir os olhos e o obriga, para seu bem, a aprender. Mas não lhe é lícito destruir a Lei, pois nesse caso, se ele possuísse esse poder lançaria tudo no caos. Se Deus permitisse ao homem tanto poder, a ruína e o sofrimento humanos já não seriam ape­nas momentâneos e suscetíveis de reparação por in­termédio da dura limpeza feita pela dor, mas seriam um fracasso definitivo, um mal irreparável, uma derrota de toda a obra de Deus, sem outra possibilidade de salvação.

De certo, a ignorância e a rebeldia do homem al­mejariam chegar até àquele fim. Mas, a sabedoria e a bondade, de Deus o salvam de um tão grande de­sastre à força, para seu bem, constrangendo-o a que ele não se perca, obrigando-o a limpar-se, a corrigir-se, a aprender através da dor. Perante um quadro de lógica, bondade e justiça assim tão perfeitas, há ainda no mundo gente que, sem ter compreendido nada, quer julgar Deus como culpado dos sofrimen­tos que há no mundo. Procuram-se assim infelizes es­capatórias, lançando-se a culpa em Deus ou em seus próprios semelhantes. Mas, é inútil. Tudo fica na mesma. Os erros têm de ser corrigidos, as dívidas têm de ser pagas, a lição tem de ser aprendida. Quan­do chega a dor, nunca queremos admitir que a culpa seja nossa, e não de outros. Perante a Lei, cada um se encontra sozinho e trabalha por sua conta. Cada um fica com o destino que quis construir para si mes­mo. Rebelar-se é pior. O mais que pode fazer é re­signar-se e corrigir-se, construindo para si, de agora em diante, um destino melhor, de convicta obediên­cia a Deus, agradecendo-Lhe pela dura lição que vai conduzi-lo à felicidade.

Esta é a verdade mais importante que cada um precisa compreender: Deus é, em tudo e sempre, o dono absoluto e da Sua Lei não nos podemos evadir. Seja qual for a religião a que o homem pertença, seja o maior dos ateus, ele obedeceu, obedece e obede­cerá sempre a Deus, no sentido de que não pode es­capar da Sua Lei. Por exemplo: o fato de pertencer­mos a uma ou outra crença não nos isenta da depen­dência da lei da gravitação. O erro está em acredi­tar que estas verdades, das quais estamos falando, sejam particulares a este ou àquele grupo, religião ou filosofia humana, quando, de fato, são verdades que existem, continuam existindo e funcionando, mes­mo quando o homem não as conheça ou não as quei­ra admitir. Elas existem de maneira independente do conhecimento, da negação e mesmo da existência do homem. A conclusão é que todos obedecem a Deus: os crentes sabendo o que fazem os descrentes sem o saberem; os bons, de boa vontade, de olhos aber­tos, por amor, sustentados pela justiça de Deus; os maus, de má vontade, nas trevas, revoltados, com raiva, esmagados pela mesma justiça de Deus.

É bem estranha e primitiva esta maneira de con­ceber tudo em função de si mesmo, pela qual o ho­mem se faz centro, finalidade única e também dono, se pudesse, da criação. Mas, em quantos erros e ilusões psicológicas ele incorre nessa primitiva maneira de conceber as coisas! E com quantas dores terá o homem de pagar a sua ignorância! Quanta vez terá de bater a sua dura cabeça contra as paredes da Lei, até que compreenda quão inútil e dolorosa é a loucura da sua rebeldia, e quão grande é a vanta­gem de coordenar-se com a Lei, conforme a Vontade de Deus!

Estas Vontades saibamos ou não! Queiramos ou não, é a atmosfera que todos respiramos, da qual não podemos sair, assim como respiramos o ar da atmos­fera terrestre inevitavelmente. Os materialistas jul­gam que a ciência poderá impor-se à Lei de Deus, quando na verdade poderá apenas demonstrá-la. E, ao mesmo tempo em que eles estão trabalhando pa­ra construir um mundo sem a espiritualidade, a Lei rege a evolução da vida, e os dirige, impulsionando-os para construir um mundo baseado nessa espiri­tualidade. Construtores e destruidores, apesar de o fazerem de forma oposta, de fato todos colaboram dentro da mesma Lei, para realizar a mesma construção. Assim como a morte é necessária para gerar a vida, e colaborar com ela para constantemente re­nová-la, sem o que não seria possível a sua evolu­ção, assim, os destruidores são necessários para rea­lizar os mais baixos trabalhos de limpeza do terreno, sobre o qual de outra maneira não seria possível construir. Trata-se de um trabalho feio, desagradável, desairoso, mas necessário, que os construtores, de raça mais nobre, nunca fariam, nem poderiam fa­zê-lo, porque, depois de terminado, quem o executou tem de ser afastado para não prejudicar a nova cons­trução. Eis, de fato, o que vemos acontecer nas revo­luções, nas quais é raro constatar que quem as rea­lizou tenha recolhido para si o fruto das suas lutas.

Continuaremos nestas nossas conversas, obser­vando quão profunda é a sabedoria da Lei e quão grande é a ignorância do homem a seu respeito. Concluímos a nossa conversa de hoje observando que, queiramos ou não, nos fatos concernentes a nós, afinal de contas, a nossa vontade e a Vontade de Deus trabalham juntas. Não que a boa vontade do homem tenha de colaborar, mas porque Deus permi­te que trabalhe também a nossa vontade, para a qual estabelece limites, efeitos e direção final. Pode­mos assim calcular quantas forças atuam entrelaça­das, a todo o momento, em cada ato da nossa vida. Antes de tudo, está presente a nossa vontade passa­da, agora na forma dos seus efeitos que aparecem como fatais. Acima desses impulsos sobrepõe­-se e opera a nossa vontade atual que tem o poder de corrigir, nos seus efeitos, aquela nossa vontade passada, iniciando novos caminhos ou endireitando os antigos. Mas, todo esse trabalho o homem não o cumpre sozi­nho, abandonado a si mesmo; antes, o executa ao longo dos trilhos de uma estrada já marcada pela Lei de Deus, que estabelece até onde o ser está livre para errar, o poder e a natureza das reações da Lei ao erro, a técnica da elaboração e assimilação de expe­riências e a meta final de todo o grande caminho da evolução. Estamos no começo das nossas explica­ções e já podemos vislumbrar quantas coisas contém a nossa vida de cada dia, mesmo nos seus impulsos e atos mais simples.
      
                        Em harmonia com a lei: Autor Pietro Ubaldi livro a lei de Deus