quinta-feira, 31 de maio de 2012

orkut - Minhas atualizações

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Lei de Deus









V

A INFALIBILIDADE DA LEI


A função da dor e a sabedoria da Lei.


Em nossos dois últimos capítulos falamos da Divi­na Providência e da Vontade de Deus. Dissemos tu­do aquilo não para fazer teorias, mas porque se trata de forças que dirigem a nossa vida, e que devem ser levadas em consideração se não quisermos sofrer as conseqüências. Quem quiser viver com sabedoria, sem se lançar aos mais variados perigos, evitando sofrimentos, tem de compreender que há uma Lei, sempre presente, ativa, e que é muito arriscado não a respeitar. Se já tivéssemos aprendido todas as li­ções que a Lei contém, não cometeríamos mais erros, desaparecendo assim as reações, necessárias para nos reconduzir ao caminho certo da nossa libertação. Então, deveria desaparecer também a dor, dado que a sua presença no mundo seria absurda, porque uma vez aprendida a lição, ela não teria mais função al­guma a preencher. Lembremos que a Lei é sempre boa e justa; se às vezes usa o chicote, é apenas por­que, devido à nossa dura insensibilidade, não há outro meio para nos corrigir, conduzindo-nos assim pa­ra o nosso bem.

Todos sabem, através da sua própria experiência, que a dor é ponto fundamental da nossa vida. É verdade, no entanto, que cada um, no fundo de sua alma, alimenta um sonho de felicidade. Mas, quando é que, para os poderosos como para os humildes, chega a realizar-se de fato o que mais ambicionam? Os desejos dos pobres e dos poderosos, na maioria dos casos, ficam insatisfeitos e acabam fracassando em desilusões. Todos correm atrás de miragens que nunca se realizam, e no final, tudo se apaga num en­gano. Encontra-se, porventura, no mundo alguém que esteja satisfeito? O que há de real para todos é o sofrimento.

Por que tudo isso? Quem deu origem a essa con­denação? Estamos cheios de desejos de felicidade, e apenas encontramos sofrimentos! Que maldade! E quando procuramos uma causa para tudo isso, pen­samos logo em alguém para sobre ele lançar a culpa de tanta crueldade. Culpa-se, então, Deus por ter feito obra errada ou o próximo que deveria comportar-se de outra maneira. Mas, isso nada resolve, por­que Deus permanece inatingível e o próximo sabe defender-se. Também a dor não desaparece; pelo contrário, toma-se mais dura na revolta contra Deus e na contínua luta de todos contra todos.

Continuamos, assim, todos mergulhados no mes­mo pântano: ricos e pobres, cultos e ignorantes, po­derosos e fracos. Alguns que se julgam mais astutos, procuram emergir do Pântano, amontoando riquezas, enganos e crimes, pisando os outros, para atingir a felicidade. Mas, esta é instável, porque falsa, disputa­da contra mil rivais ciosos, roída por dentro pela na­tural insaciabilidade da alma humana. E, mais cedo ou mais tarde, na luta de todos contra todos, também os poucos que emergem, acabam afundando-se e desaparecem, tragados pelo pântano comum. Que jo­go torpe é a vida! Esta seria a conclusão.

Se tivermos nas mãos u'a maquina maravilhosa, mas, pela nossa ignorância da técnica do seu funcio­namento, somente conseguirmos que ela produza pés­simos resultados, dando-nos apenas atribulações em vez de satisfação, que providências aconselharíamos para resolver o caso? As máquinas humanas, se mal usadas, por estarem em mãos inábeis e portanto des­truidoras, estragam-se e deixam de funcionar. Mas, existe uma tão perfeita que o homem não conseguiu estragar ou impedir seu funcionamento. Acontece por vezes que, pelo mau uso da máquina, não é ela que sofre, mas o mau operário, que não soube fazê-la funcionar. Assim é que surge a dor, e então há um só remédio: o de aprender a técnica do funciona­mento da máquina; a fim de fazê-la trabalhar bem, para nossa vantagem, e não mal, para nosso dano.

Esta máquina representa a Lei de Deus. Ela é também boa educadora. Qual o papel do educador? Seu único objetivo é o bem dos alunos, e nós somos os alunos da Lei de Deus. O educador não deseja vinganças, punições, sofrimentos, porque ama os seus alunos. Se estes tivessem boa vontade para ouvir e fossem bastante inteligentes, para compreender, bas­taria a explicação das grandes vantagens da obedi­ência. Mas, os alunos são rebeldes, não querem acei­tar regras de vida que não sejam as que saem das suas próprias cabeças; e, se têm inteligência, querem usá-la só para revoltar-se contra a Lei. Então que po­de fazer o educador? O fato é que os alunos não que­rem ser educados mas, antes, destruir o educador. Eles quereriam estabelecer uma república indepen­dente dentro dum Estado, uma outra máquina fun­cionando às avessas contra a máquina maior que a hospeda. É um caso parecido com o do câncer, que re­presenta uma tentativa de construção orgânica em sentido destruidor, com multiplicação celular em for­ma não-vital, mas parasitária da vida.

Então, para o educador não há outra escolha De duas, uma: para agradar, poderia não reagir, como quereríamos nós os alunos, e como acontece no caso do câncer com os organismos fracos que não sabem defender-se. Mas, neste caso, depois de ter destruído tudo, também as células destruidoras do câncer, por sua vez, hão de morrer. Ora, o educador sábio não pode permitir isto. O que lhe resta é rea­gir, impondo disciplina. Isto é duro, porém não há outro caminho. Esta tentativa de construir u'a má­quina às avessas dentro da máquina regular, ou uma república inimiga dentro de um Estado or­ganizado, ou um câncer dentro de um organismo sadio, ameaça a função de bem que o educador, custe o que custar, há de cumprir. E ele pode fazer tudo, menos renunciar a esta sua função, porque dela depende o que para ele é mais importante: o bem dos alunos. Então, se ele quer verdadeiramen­te bem a estes, O que pode fazer senão usar de disci­plina e ensinar por esse método, já que os outros, mais benignos, não deram resultado? Também as células do câncer quereriam viver. Mas somos nós, porven­tura, cruéis quando as afastamos cortando o tumor? Também os criminosos quereriam gozar a vida à sua maneira, e poderemos nós considerar-nos ruins quan­do, em defesa da sociedade, os isolamos nas prisões?

A rebeldia do homem é uma espada que ele usa contra si mesmo. A Lei impede, entretanto, sua des­truição. Ele quereria perder-se e a Lei quer levá-lo à salvação Deus perdoa porque sabe que o homem é um menino carente de ajuda; na sua inconsciência está procurando só o seu dano. Mas, Deus não pode permitir que esse dano se realize. Ele quer so­mente o nosso bem. A lição tem de ser aprendida. Disto não há que fugir, porque de outra maneira se­ria desmoronado o plano de Deus, e nós involuiriamos ao invés de evoluirmos. Cientifiquemo-nos des­tes pontos: o progresso tem de se realizar, por isso a lição tem de ser aprendida; o homem é o mesmo, não restando para o educador outro método senão o da dor. A prova desta verdade é encontrada no mundo: para os educadores e suas leis vemos acontecer o mesmo que acontece com Deus e a Sua Lei. Assim, Ele tem de salvar à força os rebeldes inconscientes.

O chicote é duro. A dor existe. Entretanto, ela não foi criada por nossa imaginação. É fato positivo que todos conhecemos. Penetra por todas as portas, sem sequer pedir licença. Não adianta ser rico, inte­ligente, poderoso. Ela sabe, toma todas as formas, adaptando-se a cada situação. Há dores feitas sob medida para os pobres, os ignorantes, os fracos, co­mo para os ricos, os homens cultos, os poderosos. Os deserdados estão cheios de inveja dos que se encon­tram acima deles, e não sabem que acima das suas dores encontram-se, às vezes, dores maiores. Será que nas mais altas camadas sociais desaparecem os defei­tos humanos? E se não desaparecem, como pode não funcionar a salvadora reação da Lei? Esta não pode abandonar ninguém, tampouco os que o mundo mais inveja, por terem subido mais alto na Terra; não po­de, porque sendo o poder deles maior, maior é a sua responsabilidade, e, por conseguinte, maior a reação da Lei. Deus pode perdoar muito mais facilmente a um pobrezinho ignorante e fraco do que àqueles que possuem recursos, conhecimento e posição de domí­nio. Aos que mais conseguem materialmente subir na vida, estão muitas vezes destinadas provas mais difíceis e dores maiores. Mas a Lei é justa e não po­de deixar ninguém fora do caminho da redenção. É  justo e lógico que a riqueza, o poder, a glória e coi­sas semelhantes pelas quais o homem primitivo tan­to luta, sejam apenas miragens que acabam na desi­lusão. A última realidade da vida continua sendo sempre a insaciabilidade do desejo e o sofrimento.

Em que impasse nos encontramos, meus amigos, pelo fato de possuirmos um desejo louco de felicida­de e termos de viver numa realidade de insatisfação e de dor! Estamos presos neste contraste. Almejamos o que nunca poderá realizar-se: a satisfação comple­ta. Mas, como se pode satisfazer completamente a insaciabilidade? Como pode assim resolver-se para nós este desejo de felicidade senão numa ilusão? Pa­rece que a felicidade está atrás dum horizonte e que basta atingido para encontrá-la. Mas quando, com o nosso esforço, o tivermos atingido, descobrimos ou­tro horizonte e pensamos que a felicidade está atrás deste último. A corrida continua assim, sem fim, atrás de uma miragem que se afasta à medida que avan­çamos. Mas, ninguém se pergunta o que quer dizer este jogo estranho, de querer encher um vazio que não se pode encher, de procurar atingir uma deter­minada meta que vai fugindo de nós à medida que nos aproximamos dela. Queremos sempre mais. Quem não possui, quer possuir; quem possui, quer possuir mais, seja isto riqueza; conhecimento, glória, poder etc. De fato, é o que vemos acontecer no mundo. O desgosto de quem não possui é a carência. A pena de quem possui é não possuir bastante ou o medo de perder o que já possui. Qualquer que seja a nossa posição, tudo tende a resolver-se no sofrimento da in­satisfação.

Mas, como é possível que a Lei, dando prova de tanta sabedoria no funcionamento do universo, pos­sa fazer, sem objetivo algum, um jogo tão cruel  o de nos condenar a essa corrida que não acaba e que parece sem sentido? E se há um sentido, qual é? Não estamos fazendo teorias, mas apenas procurando compreender o que vemos acontecer em nosso mundo, a toda hora. Pensemos um pouco. Pode o obje­tivo último da vida ser o de continuarmos satisfeitos com as comodidades materiais deste mundo? Ou tem de ser o de conquistar formas de existência em pla­nos sempre mais elevados, progredindo e aperfeiçoando-nos sempre mais? Se não houvesse a insaciabi­lidade, tudo ficaria parado na satisfação atingida, estagnado, inerte, num estado em que tudo acabaria apodrecendo. Se fosse assim, quem nos impulsionaria para a frente? Dessa maneira, deixaria de haver o movimento mais importante, que constitui a razão da existência, isto é, o deslocamento no sentido da perfeição, progredindo por meio de contínuo aperfei­çoamento. É preciso compreender que este é o esco­po da vida: a busca da própria evolução. A evolu­ção, com essa corrida que parece sem sentido, é in­dispensável para ascender; a ascensão é necessária para chegar à salvação, porque não há outro cami­nho para nos libertarmos do mal e atingirmos a ver­dadeira felicidade.

A mesma coisa se pode dizer a respeito da dor. A nossa vida baseia-se nesta dura condenação que parece de uma crueldade sem sentido. Por que isso? O mundo ocidental aceita a idéia de que a paixão de Cristo foi um meio de redenção. Que quer dizer isto? Em todas as religiões do mundo existe o concei­to de que o sofrimento é útil, que saber sofrer é vir­tude que constitui mérito. A razão deste fato é sem­pre a mesma: a dor existe porque é um meio para progredir; nele se baseia a evolução, tendo exatamente a maravilhosa função de destruir a dor. Se a dor, que todos percebem e tantas coisas ensina, é meio de evolução, a evolução é meio de salvação Tudo o que é maceração, seja dor, trabalho para criar, esforço para subir, é meio de salvação. É  gran­de erro querer parar o progresso que nos leva para Deus.

O quadro aqui apresentado parece duro, mas não contém enganos; é justo, lógico e verdadeiro. A conclusão não é a tristeza, nem o pessimismo. A por­ta para a felicidade não fica fechada, mas bem aber­ta para todos os honestos, todos os de boa vontade. Não estamos aqui para destruir, mas para construir. Se destruirmos alguma coisa é só no terreno das ilu­sões, para construirmos no terreno sólido da verdade.


Livro: A lei de Deus: Autor: Pietro Ubaldi

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Caminho espírita...

O livro penetra sem alarde os santuários da arte e da cultura, da sublimação e
CAMINHO ESPÍRITA
Há caminhos, os mais diversos tanto quanto existem princípios religiosos, os mais
diferentes. E se as estradas, sejam quais sejam, expressam-se por vias de comunicação, no
plano físico, as religiões de qualquer procedência, são vias de intercâmbio, no reino da alma.
Fácil verificar que se temos caminhos agrestes, nas vastidões do campo,
surpreendemos religiões primitivas em paragens remotas da terra; se contamos com
estradas particulares, unicamente abertas aos que jazem segregados no critério de elite,
identificamos sistemas de fé somente acessíveis aos que se comprazem na idéia exclusivista
do privilégio; se dispomos de trilhas improvisadas, absolutamente distantes de qualquer
sentido de estabilidade ou de ordem, valendo por estreitos esboços de rodovias futuras,
encontramos veredas religiosas, fundamentalmente presas a interpretação individual,
carecentes de organização e de lógica, simbolizando simples esforços isolados que servirão,
de algum modo, à consolidação da verdade no porvir.
Recorremos a semelhantes imagens para definir a Doutrina Espírita, como sendo
atualmente a avenida segura de nossos interesses imperecíveis – lembrando rodovia
legalmente constituída ante os Poderes Superiores da Vida -, administrada à luz dos códigos
de trânsito, formados na base da justiça igual para a comunidade dos viajantes. Nela, a
Doutrina Espírita, que revive os ensinamentos do Cristo de Deus, possuímos a Religião
Universal do Amor e da Sabedoria, cujas diretrizes funcionam na consciência de cada um,
com amparo e orientação para todos e sem favoritismo ou exclusão para ninguém, tão
válidos na Terra, quanto em qualquer ou Lar Planetário da imensa família cósmica.
Ofertando-te, pois este livro despretensioso, leitor amigo, nada mais fazemos nós, os
companheiros desencarnados, que reunir lembretes-sinais de proveito à vossa jornada,
através do reino interior da alma, onde tantas vezes nos inquietamos, à frente de problemas
e desafios, quais encruzilhadas e nevoeiros, induzindo-nos a dificuldades ou à indecisão.
Estudêmo-lo, juntos, nos minutos que nos sobrem, entre afazeres cotidianos, - passos
obrigatórios e rápidos a que somos levados na trilha do tempo, - e compreenderemos que o
caminho espírita é a estrada real da criatura com todas as indicações exatas para a viagem
de nosso aperfeiçoamento e libertação
Emmanuel
Uberaba, 2 de Janeiro de 1967




do progresso. É alma pensamento esperança e consolo”.
Emmanuel – Cartas do Coração

quinta-feira, 24 de maio de 2012

William Crookes
Foi muito a propósito que Charles Richet deu por iniciado com William Crookes, em 1872, o período científico da metapsíquica, hoje parapsicologia. Possivelmente, nenhum cientista que se atreveu a estudar com afinco os fenómenos objectivos da parapsicologia foi tão controvertido quanto William Crookes.

Nenhum levantou tanta celeuma em torno de suas afirmações acerca dos fenómenos que observou; nenhum teve a sua reputação tão atacada; e nenhum foi tão firmemente honesto em suas convicções científicas quanto ele.

Agora, após mais de um século, a extraordinária figura de William Crookes emerge límpida e majestosa, desafiando serenamente aqueles que ainda tentam, em vão, enlamear-lhe a imagem. A obra deste sábio extraordinário tem resistido aos embates do tempo e aos ataques mesquinhos de seus adversários gratuitos, unicamente porque é toda ela, límpida e cristalinamente apoiada sobre uma granítica base de factos. Quem estuda, sem má-fé e sem preconceitos, os trabalhos de William Crookes, impressiona-se pela pureza, simplicidade e clareza meridiana de seus relatórios. Dos seus trabalhos, transpiram a sinceridade, a firme convicção e a serenidade de um sábio que tranquilamente proclama a verdade, sem inquietar-se com o julgamento dos demais, por achar-se seguro de que o erro está com aqueles que negam a evidência dos factos.

O homem
Vamos extrair os seus dados biográficos da excelente Encyclopaedia of Psychic Science, de Nandor Fodor (USA: University Books, 1974).

Sir William Crookes (1832-1919) pode ser considerado um dos mais proeminentes físicos do século XIX. Em 1863 foi eleito membro da Royal Society. Obteve as seguintes láureas: a Royal Gold Medal, em 1875; a David Medal em 1888; a Sir Joseph Copley Medal em 1904; foi nomeado cavaleiro em 1897, pela rainha Vitória; e, em 1910, ganhou a Ordem de Mérito. Foi presidente das seguintes instituições: Royal Society, Chemical Society, Institution of Electrical Engineers, British Association e Society for Psychical Research. No campo das pesquisas científicas Crookes é conhecido como o descobridor do elemento químico de número atómico 81, o Tálio; do Radiómetro; do Espintariscópio; do tubo de raios catódicos, mais conhecido como Tubo de Crookes, etc.

Na área da divulgação científica, ele foi fundador do Chemical News, em 1859, e editor do Quarterly Journal of Science, em 1864. Em 1880, recebeu uma medalha de ouro e o prémio de 3.000 francos, da Academia de Ciências da França.

Na ocasião em que William Crookes passou a interessar-se pelos fenómenos paranormais, houve uma grande expectativa em torno dessa decisão, por parte do grande público. Seu nome era por demais conhecido nos meios científicos, e o seu veredicto seria, naturalmente, aceite como decisivo julgamento do movimento então chamado «Spiritualism».

Primeiros contactos
Certamente, William Crookes devia achar-se a par da repercussão nada favorável, na imprensa, do relatório da «London Dialectical Society». Pairava no ar uma certa hostilidade surda contra o «Spiritualism». A má vontade com relação a este movimento era evidente, especialmente por parte da imprensa e do meio científico. Se Crookes se decidiu a sondar tão perigoso terreno, é porque naturalmente confiava no método científico positivo, com o qual se achava tão familiarizado. O seu interesse despertou, após ter assistido a uma sessão com a médium Mary Marshall (1842-1884), em Julho de 1869. Esta médium foi também iniciadora do Dr. Alfred Russel Wallace, na investigação dos fenómenos paranormais. Os fenómenos eram banais: «raps», movimentos e levitação de uma mesa, nós dados em lenços, escrita directa em lousas, etc. A partir de 1867, ela produziu sessões de voz directa, nas quais se manifestava o famoso espírito John King.

Em Dezembro de 1869, Crookes assistiu às sessões do célebre sensitivo J. J. Morse (1848-1919), o mais extraordinário médium psicofónico daquela época, o qual o impressionou bastante. Em Julho de 1870, depois que Henry Slade chegou a Londres, ele anunciou sua decisão de investigar seriamente os fenómenos espíritas. Publicou, então, no Quarterly Journal of Science um artigo intitulado: «Spiritualism Viewed by the Light of Modern Science» (O «Spiritualism» visto à Luz da Moderna Ciência). São suas as palavras neste artigo: «Modos de ver ou opiniões não posso dizer que possuo sobre um assunto que eu não tenho a presunção de entender.» A seguir, ele acrescentou: «Prefiro entrar na investigação, sem noções preconcebidas sejam quais forem, como do que possa ou não ser, mas com todos os meus sentidos alerta e prontos para transmitirem a informação ao cérebro; acreditando, como creio, que não temos, de nenhuma maneira, esgotado todo o conhecimento humano ou examinado as profundezas de todas as forças físicas». Segundo ele, tais investigações foram-lhe sugeridas «por um eminente homem que exercia grande influência no pensamento do país». Finalmente, a derradeira sentença: «O crescente emprego dos métodos científicos produzirá uma geração de observadores que lançará o resíduo imprestável do «Spiritualism», de uma vez por todas, ao limbo desconhecido da magia e da necromância».

Tal anúncio foi recebido com especial júbilo pela imprensa. Havia uma expectativa geral de que, desta vez, o «Spiritualism» iria ter sua correcta avaliação. Em suma, seria colocado em sua exacta posição e avaliado em suas devidas proporções, isto é, não receberia nenhuma aprovação. Após submetido ao escalpelo do método científico, tudo não passaria de fraude, logro e imposturice.

É um fenómeno difícil de explicar exactamente essa aversão contra os factos do Spiritualism. Talvez se deva isso, em parte, à influência da Filosofia Positivista, que, naquela época, se difundira pelas elites culturais da Europa. Sabe-se que o relatório da London Dialectical Society, de 20 de Julho de 1870, já tivera péssima recepção por parte da imprensa e também por grande fracção dos intelectuais de então. E deve frisar-se que a sua comissão, composta de 33 membros, era formada por homens ilustres, conforme mostraremos em artigo posterior. A única explicação para tal reacção, seria o facto de a comissão ter concluído que os fenómenos do Spiritualism** eram reais.

As investigações
Entre 1869 e 1875, Crookes levou a efeito um número enorme de sessões com os mais variados médiuns; as de maior importância, no seu próprio laboratório pessoal. São cinco os seus principais grupos de experiências com os médiuns mais qualificados e por ordem cronológica: Daniel Dunglas Home, Kate Fox, Charles Edward Williams, Florence Cook e Annie Eva Fay. Além desses, ele teve experiências esparsas com os seguintes médiuns: mrs. Marshall, J. J. Morse, aos quais já nos referimos, mrs.
Event, o reverendo Staiton Moses, mrs. Mary M. Hardy, miss Showers e inúmeros outros de menor fama.

Experiências com Daniel Dunglas Home
As experiências feitas com Daniel Dunglas Home parecem as mais bem controladas das cinco principais séries. Foram relatadas no The Quarterly Journal of Science, a partir de 1871, mais tarde enfeixadas num volume sob o título Researches in the Phenomena of Spiritualism e publicados também nos Proceedings of the Society for Psychical Research (Vol. VI, 1889-90, pp. 98-127).

Tais experiências constaram de diversos fenómenos de efeitos físicos, tais como movimentos de corpos pesados com contacto, mas sem esforço mecânico por parte do médium. Para controlar e medir esses fenómenos, Crookes construiu e montou aparelhos dotados de alavancas e dinamómetros, bem como registadores gráficos operados mecanicamente. Dentro desta categoria de fenómenos, destaca-se um deles pelo inusitado. Trata-se de um acordeão que era tocado, tendo apenas uma de suas extremidades presa entre os dedos da mão do médium. A outra extremidade contendo as teclas, ficava dependurada. O instrumento, assim suspenso dentro de uma gaiola de madeira e arame, era misteriosamente tocado e, inclusive, as suas teclas eram accionadas por suposta mão invisível.

Foram investigados os fenómenos de percussão e outros ruídos surgidos sob a acção do médium. Objectos pesados situados a determinada distância do médium eram movimentados ostensivamente. Assim, mesas e cadeiras elevavam-se do chão por si sós. Todos esses fenómenos, em sua maioria, ocorriam à luz clara, permitindo absoluto controlo.

O médium D. D. Home é famoso também pelas suas levitações. Diz Crookes: «Há pelo menos 100 casos bem verificados de elevação do sr. Home, produzidos em presença de muitas pessoas diferentes; e ouvi mesmo da boca de 3 testemunhas: o conde de Dunraven, lord Lyndsay e o capitão C. Wynne, a narração dos casos mais notáveis desse género acompanhados dos menores incidentes.» (Crookes, W. Fatos Espíritas, Rio: FEB, 1971, pp. 36 e 37).

Inúmeros outros fenómenos extraordinários foram reportados por Crookes. Entre eles destacam-se os efeitos luminosos. Eis alguns:

«Em plena luz, vi uma nuvem luminosa pairar sobre um heliotrópio colocado em cima de uma mesa, ao nosso lado, quebrar-lhe um galho, e trazê-lo a uma senhora, e, em algumas ocasiões, percebi uma nuvem semelhante condensar-se sob nossos olhos, tomando uma forma de mão e transportar pequenos objectos.» (Opus cit. p. 40)

Noutras ocasiões ocorreram em plena luz fenómenos de materialização parcial. Transcrevamos alguns descritos por Crookes: «Pequena mão de muito bela forma elevou-se de uma mesa da sala de jantar e deu-me uma flor; apareceu e depois desapareceu três vezes, o que me convenceu de que essa aparição era tão real quanto a minha própria mão.» (Opus cit. p. 41)

Tais membros, parcialmente materializados, eram, algumas vezes, vistos a formar-se a partir de nuvens ectoplásmicas.

«Algumas vezes, é preciso dizer, ofereciam antes a aparência de nuvem vaporosa condensada em parte, sob a forma de mão.» (Opus cit. p. 41)

Tais mãos, quando tocadas, davam a sensação ora de frias como de gelo, ora de quentes e vivas, chegando a cumprimentar com firme aperto de mão o investigador. Crookes, certa ocasião, reteve uma dessas mãos, resolvido a não a deixar escapar. Entretanto, ocorreu facto singular: em vez de fazer qualquer esforço para libertar-se, a mão materializada simplesmente se desmaterializou, parecendo dissolver-se em vapor!

Entre as pessoas convidadas por William Crookes para assistirem e testemunharem tais fenómenos, contavam-se as seguintes: o seu assistente químico, Williams; seu irmão Walter; o eminente físico e astrónomo, ex-presidente da Royal Society, sir William Huggins, e o jurisconsulto Sarjeant Cox.

Foram, também, convidados para participarem do grupo de observadores os secretários da Royal Society. Entretanto recusaram o convite. Não quiseram investigar pessoalmente os factos.

Familiares de Crookes também assistiram às sessões, durante as quais os grandes sensitivos e agentes paranormais eram por ele observados e estudados.

A reacção
Os relatórios de William Crookes a respeito da «força psíquica» por ele verificada de maneira inequívoca, assim como os relatos dos demais fenómenos que, de certa forma, davam apoio às teorias espiritualistas, provocaram tremenda decepção entre aqueles que esperavam justamente o contrário. Crookes, ao que parece, já contava com esse tipo de reacção. Em 20 de Junho de 1871, ele escrevia, após ter enviado primeiro um relatório à Royal Society, cinco dias antes: «Considero ser meu dever enviar primeiro à Royal Society, porque assim fazendo, eu deliberadamente lanço o peso de minha reputação científica em apoio à verdade daquilo que envio».

Em Julho de 1871, Crookes publicou um relato sobre a famosa série de testes com D. D. Home e também com Kate Fox, no Quarterly Journal of Science, sob o título: «Experimental Investigation of a New Force». Em Outubro do mesmo ano e no mesmo periódico, ele publicou o artigo «Some Further Experiments on Psychic Force», com uma explicação de sua abordagem à Royal Society.

No próprio mês de Outubro daquele ano, estourou a reacção pública: um violento ataque anónimo surgiu na Quarterly Review. O anonimato não funcionou, pois logo se soube que sua origem era o oficial de registo da London University, o conhecido biólogo Dr. W. B. Carpenter, membro da Royal Society.
Em Dezembro daquele ano, William Crookes publicou, no Quarterly Journal of Science, o artigo «Psychic Force and Modern Spiritualism a Reply to the Quarterly Review». Era a resposta ao artigo de Carpenter, desmascarando-o e refutando ponto por ponto os seus ataques.

O jornal Echo, de 31 de Outubro de 1871, publicou uma carta anónima a ele enviada e assinada «B». Nesta carta o autor pôs em forma definitiva alguns dos rumores contra Crookes, que se haviam desencadeado depois do artigo de Carpenter. O anónimo «B» referia-se a informações e críticas de um tal «Mr. J», a quem ele atribuía autoridade para julgar Crookes. Este logo descobriu o covarde autor da carta anónima, um certo John Spiiler, que fora, numa ocasião admitido a assistir duas sessões com D. D. Home na residência de Sarjeant Cox. Crookes achava-se presente no momento, mas não havia, ainda, iniciado as suas pesquisas sistemáticas sobre mediunidade de D. D. Home.

A esta e todas as demais críticas, Crookes deu a devida resposta, quando reconheceu alguma importância nas mesmas.

Vamos passar à outra fase das actividades de Crookes. Escolheremos apenas uma delas, embora todas as demais tenham sido dignas de nota. vamos tratar das ectoplasmias de Katie King, obtidas pela mediunidade de Florence Cook.

Florence Eliza Cook (1856-1904)
A mediunidade de Florence Cook manifestou-se desde a sua infância, quando afirmava ver espíritos e ouvir vozes. Tais factos eram levados pouco a sério pelos seus familiares, que os atribuíam a produtos da sua imaginação infantil. Em 1871, aos 15 anos de idade, a sua mediunidade começou a aflorar mais intensamente e foi-se desenvolvendo com o correr do tempo.

Em 22 de Abril de 1872, numa sessão na qual se achavam presentes a mãe, os irmãos e uma irmã da médium, além da criada Mary, materializou-se o espírito Katie King, parcialmente e pela primeira vez. Numa carta dirigida ao director do periódico The Spiritualist, de Londres, Harrison, a própria Florence Cook relatou o ocorrido, pois manteve-se em vigília durante a manifestação: «Katie mostrou-se na abertura das cortinas; os seus lábios moveram-se; por fim, falou durante alguns minutos com a minha mãe. Todos puderam acompanhar os movimentos dos seus lábios.»

«Como eu não a via muito bem de onde me encontrava, pedi-lhe que se voltasse para mim. Ela atendeu e virou-se. "Com muito gosto desejo atender-te", disse. Então pude observar que a parte superior de seu corpo estava formada somente até ao busto; o resto de seu corpo era uma nebulosidade vagamente luminosa.» (Rodrigues, W. L. V. - Katie King, Matão: O Clarim, 1975, p.32).

Posteriormente, Florence Cook passou a entrar em transe profundo. Daí em diante, Katie King foi adquirindo mais consistência e autonomia, chegando a sair inteiramente da cabina escura e a passear livremente entre os assistentes, mostrando-se à luz clara.

Em Dezembro de 1873, durante uma sessão em que se achavam entre os convidados, o conde e a condessa de Caithness, o conde de Medina Pomar e um certo W. Volckman, Katie King mostrou-se tão nitidamente que despertou suspeitas neste último. Volckman, subitamente, avançou contra Katie King, agarrando uma de suas mãos e prendendo-a pela cintura com o outro braço! Estabeleceu-se uma luta, na qual dois amigos da médium tentaram socorrer Katie King. O advogado Henry Dumphy conta que ela pareceu perder os pés e as pernas, e fazendo um movimento semelhante ao de uma foca na água, escapuliu sem deixar traços de sua existência corporal, tendo desaparecido inclusive os véus brancos em que se envolvia. Segundo Volckman, ela libertou-se violentamente. Mas o facto incontestável é que uns cinco minutos mais tarde, quando se restabeleceu a calma e a cabina foi aberta, ali foi encontrada Florence Cook perfeitamente composta em seu vestido preto e calçada com suas botas. As amarras que a prendiam estavam intactas, assim como o lacre impresso com o sinete do anel do conde de Caithness, tal como no início da sessão. Foi-lhe dada uma busca, mas não se descobriu qualquer vestígio de vestes ou véus brancos. Como resultado da brutal prova, a médium adoeceu.
(Fodor, N. - Encyclopaedia of Psychic Science, U.S.A.: University Books, 1974, p. 62).
Logo após este incidente, Florence Cook procurou sir William Crookes e solicitou-lhe que investigasse a sua mediunidade.

Naquela ocasião, devido a certos fenómenos que ocorriam numa escola onde Florence Cook tinha um emprego, e também em virtude da repercussão na imprensa, dos factos que com ela ocorriam, a directora demitiu-a de sua colocação. Desse modo, Florence Cook viu-se desempregada. Um senhor que se interessava vivamente pelas faculdades da srta. Cook, ofereceu-lhe uma pensão permanente com a condição de ela manter-se em actividade mediúnica exclusivamente para fins de pesquisa científica. A referida pensão duraria enquanto Florence se mantivesse solteira. O nome desse generoso protector era Charles Blackburn. Quando ocorreu o incidente com o desastrado Valckman, Charles Blackburn excluiu Florence da assistência pública e confiou-a exclusivamente aos cuidados de William Crookes, para investigações rigorosamente científicas.

Katie King
Katie King era o pseudónimo adoptado pelo espírito de Annie Owen Morgan. Ela era o «espírito guia» de Florence Cook. Dizia ter sido filha de Henry Owen Morgan, famoso pirata que foi protegido por Charles II e feito governador da Jamaica. O espírito de H. O. Morgan adoptou o pseudónimo de John King, tendo-se manifestado, pela primeira vez, em 1850, com os irmãos Davenport.

Katie King colaborou de maneira notável com William Crookes. Vamos transcrever os relatos de algumas sessões controladas por Crookes e reportadas pessoalmente por ele.

No início Katie King assemelhava-se a Florence Cook
Este episódio, do qual extraímos o texto que se segue, mostra-nos um facto de grande importância: quando o médium não está em transe suficientemente profundo, pode ocorrer uma ectoplasmia incompleta. Neste caso, o duplo astral da médium arrasta consigo o ectoplasma. O espírito, então, se sobrepõe a este conjunto, surgindo daí uma forma híbrida, com a aparência do médium. A sessão realizava-se na casa do sr. Luxmore: «Pouco depois, a forma de Katie apareceu ao lado da cortina, dizendo que o fazia porque havia perigo em se afastar do seu médium, visto que este não se achava bem e não poderia ser lançado em sono suficientemente profundo».

«Eu — William Crookes — estava colocado a alguns pés da cortina, atrás da qual a srta. Cook se achava sentada, tocando-a quase, e podia frequentemente ouvir os seus gemidos e suspiros, como se ela sofresse. Esse mal-estar continuou por intervalos, durante toda a sessão, e uma vez, quando a forma de Katie estava diante de mim, na sala, ouvi distintamente o som de um suspiro doloroso, idêntico aos que a srta. Cook tinha feito ouvir, por intervalos, durante todo o tempo da sessão e que vinha de trás da cortina onde ela devia estar sentada.»

«Confesso que a figura era surpreendente na sua aparência de vida e de realidade, e tanto quanto eu podia ver, à luz um pouco fraca, os seus traços assemelhavam-se aos da srta. Cook; mas, entretanto, a prova positiva, dada por um dos meus sentidos, pois que o suspiro vinha da srta. Cook, no gabinete, enquanto a figura estava fora dele, esta prova é muito forte para ser destruída por simples suposição do contrário, mesmo bem sustentada.»

Posteriormente sir William Crookes organizou uma série de sessões no seu laboratório particular, situado em sua própria residência. Foi aí que se deram as melhores ectoplasmias de Katie King, durante as quais, inúmeras vezes, puderam ser vistas e até fotografadas, ao mesmo tempo, a materialização e a médium.

Crookes pôde ver simultaneamente Katie King e Florence Cook
Esta sessão ocorreu em 12 de Março de 1874, na casa de Crookes: «Voltando ao meu posto de observação, Katie apareceu de novo e disse que pensava poder mostrar-se a mim ao mesmo tempo que a sua médium. Abaixou-se o gás e ela pediu-me a lâmpada florescente. Depois de se ter mostrado à claridade, durante alguns segundos, restituiu-ma, dizendo: "Agora entre e venha ver a minha médium". Acompanhei-a de perto à minha biblioteca e, à claridade da lâmpada, vi a srta. Cook estendida no canapé, exactamente como eu a tinha deixado; olhei em torno de mim para ver Katie, porém ela havia desaparecido...».

Em outra sessão Crookes conseguiu ver, durante um largo tempo, simultaneamente a médium e a entidade materializada. Esta sessão ocorreu em Hackney. Nesta ocasião, Crookes obteve permissão de Katie King para enlaçar sua cintura e abraçá-la, repetindo sem incidentes a desastrada experiência de W. Volckman. Crookes, em artigo publicado no The Spiritualist, disse: «O sr. Volckman ficará satisfeito ao saber que posso corroborar a sua asserção, de que o "fantasma" (que afinal não fez nenhuma resistência) era um ser tão material quanto a própria srta. Cook.»

Prosseguindo em seu artigo, Crookes relatou o seguinte episódio, ocorrido nessa mesma sessão: «Katie, disse então que dessa vez julgava-se capaz de se mostrar ao mesmo tempo que a srta. Cook. Abaixei o gás, e em seguida, com a minha lâmpada florescente penetrei o aposento que servia de gabinete.»

«Mas, eu tinha pedido previamente a um dos meus amigos, que é hábil estenógrafo, para anotar toda a observação que eu fizesse, enquanto estivesse no gabinete, porque bem conhecia eu a importância que se liga às primeiras impressões, e não queria confiar à minha memória mais do que fosse necessário: as suas notas acham-se neste momento diante de mim».

«Entrei no aposento com precaução; estava escuro e foi pelo tacto que procurei a srta. Cook; encontrei-a de cócoras no soalho.»

«Ajoelhando-me deixei o ar entra na lâmpada e, à sua claridade, vi essa moça vestida de veludo preto, como se achava no começo da sessão, e com a toda a aparência de estar completamente insensível. Não se moveu quando lhe tomei a mão; conservei a lâmpada muito perto do seu rosto, mas continuou a respirar tranquilamente.»

«Elevando a lâmpada, olhei em torno de mim e vi Katie, que se achava em pé, muito perto da srta. Cook e por trás dela. Katie estava vestida com roupa branca, flutuante, como já a tínhamos visto durante a sessão. Segurando uma das mãos da srta. Cook na minha e ajoelhando-me ainda, elevei e abaixei a lâmpada, tanto para alumiar a figura inteira de Katie, como para plenamente convencer-me de que eu via, sem a menor dúvida, a verdadeira Katie, que tinha apertado nos meus braços alguns minutos antes, e não o fantasma de um cérebro doentio. Ela não falou, mas moveu a cabeça, em sinal de reconhecimento. Três vezes examinei cuidadosamente a srta. Cook, de cócoras, diante de mim, para ter a certeza de que a mão que eu segurava era de facto a de uma mulher viva, e três vezes voltei a lâmpada para Katie, a fim de examinar com segurança e atenção, até não ter a menor dúvida de que ela estava diante de mim. por fim, a srta. Cook fez um ligeiro movimento e imediatamente Katie deu-me um sinal para que me fosse embora. Retirei-me, para outra parte do gabinete e deixei então de ver Katie, mas só abandonei o aposento depois que a Srta. Cook acordou e que dois dos assistentes entrassem com luz.» (Crookes, W. - Fatos Espíritas, trad. de Oscar D’Argonnel, Rio: FEB, 1971, pp.69-73)

O testemunho de Crookes

Apesar de cerrado ataque de que foi alvo, devido aos seus relatórios acerca dos fenómenos que observou e investigou durante vários anos, sir William Crookes nem uma só vez titubeou em afirmar sua convicção na realidade dos factos por ele pesquisados.

Diante da British Association at Bristol, na sua palestra presidencial, em 1989, ele declarou: «Trinta anos se passaram desde que eu publiquei um relatório de experiências, visando demonstrar que além do nosso conhecimento científico existe uma Força exercida por inteligência diferente da inteligência ordinária, comum aos mortais. Não tenho nada a retractar. Mantenho-me fiel às minhas afirmações já publicadas. Na realidade, eu poderia acrescentar muito mais, além disso».

E numa entrevista na The International Psychic Gazette, em 1917, ele repetiu:

«Nunca tive jamais qualquer ocasião para modificar minhas ideias a respeito. Estou perfeitamente satisfeito com o que eu disse nos primeiros dias. É absolutamente verdadeiro que uma conexão foi estabelecida entre este mundo e o outro.»
(Fodor, N. - Encyclopaedia of Psychic Science, U.S.A.: University Books, 1974, p.70).
William Crookes foi um marco inicial do período científico da história da parapsicologia.

________________

(**) Nota: sobre a palavra inglesa Spiritualism: A National Spiritualist Association of América definiu o Spiritualism da seguinte forma: «É a Ciência, Filosofia e Religião da vida contínua, baseada sobre o facto demonstrado da comunicação, por meio da mediunidade, com aqueles que vivem no Mundo Espiritual... etc.». Dada a sua semelhança com o Espiritismo, passaremos, doravante, a traduzir «Spiritualism» pela palavra Espiritismo, sem contudo significar isso uma total identificação entre os dois sistemas
O maior acervo de biografias espíritas da internet !

Aparições luminosas

 

 

 

Aparições luminosas

Essas manifestações, sendo um tanto fracas, exigem, em geral, que o aposento não esteja iluminado.
Tenho apenas necessidade de lembrar aos meus leitores que, em iguais condições, tomei todas as precauções convenientes para evitar que lançassem mão de óleo fosforado ou outros meios.
Ademais, muitas dessas luzes eram de natureza tal, que não pude chegar a imitá-las por meios artificiais.
Sob as mais rigorosas condições de exame, vi uns corpos sólidos, luminosos por si mesmo, pouco mais ou menos do volume e da forma de um ovo de perua, flutuar, sem ruído, pelo meio do aposento, elevar-se, por momentos, mais alto do que poderia fazer qualquer dos assistentes que se apoiasse sobre a ponta dos pés, e depois descer, vagarosamente, para o soalho.
Esse objeto foi visível durante mais de dez minutos e, antes de desaparecer, bateu três vezes na mesa, com ruído semelhante ao de um corpo duro e sólido.
Durante esse tempo o médium estava prostrado em um canapé e parecia inteiramente insensível.
Vi pontos luminosos saltarem de um e outro lado e repousarem sobre a cabeça de diferentes pessoas; tive resposta a questões que havia formulado, por meio de clarões de luz brilhante, que se produziram diante do meu rosto, em certo número de vezes por mim prefixado.
Vi centelhas arremessarem-se da mesa ao teto e em seguida recaírem sobre a mesa com ruído muito distinguível.
Obtive uma comunicação alfabética por meio de clarões luminosos que se produziam no ar, diante de mim, e no meio dos quais eu passava a mão.
Vi uma nuvem luminosa flutuar em cima de um quadro. Sempre sob as mais rigorosas condições de exame, aconteceu-me mais de uma vez que um corpo sólido, fosforescente, cristalino, fosse posto em minha mão por outra que não pertencia a nenhuma das pessoas presentes.
Em plena luz, vi uma nuvem luminosa pairar sobre um heliotrópio colocado em cima de uma mesa, ao nosso lado, quebrar-lhe um galho e trazê-lo a uma senhora; em algumas ocasiões, percebi uma nuvem semelhante condensar-se sob nossos olhos, tomando uma forma de mão e transportar pequenos objetos. Mas isso pertence antes à classe dos fenômenos que se seguem.

Aparições de mãos, luminosas por
si mesmas, ou visíveis à luz ordinária

Sentem-se muitas vezes contatos de mãos durante as sessões às escuras, ou em condições em que não é possível vê-las. Raramente tenho visto essas mãos.
Não darei aqui exemplos em que os fenômenos são produzidos na escuridão, escolherei porém alguns dos casos numerosos em que vi essas mãos em plena luz.
Pequena mão de muito bela forma elevou-se de uma mesa da sala de jantar e deu-me uma flor; apareceu e depois desapareceu três vezes, o que me convenceu de que essa aparição era tão real quanto a minha própria mão.
Isso se passou à luz, em minha própria sala, estando os pés e as mãos do médium seguros por mim, durante esse tempo.
Em outra ocasião, uma pequena mão e um pequeno braço, iguais aos de uma criança, apareceram agitando-se sobre uma senhora que estava sentada perto de mim.
Depois, a aparição veio a mim, bateu-me no braço, e puxou várias vezes o meu paletó.
Outra vez, um indicador e um polegar foram vistos arrancando as pétalas de uma flor que estava na botoeira do Sr. Home e depositando-as diante de várias pessoas, sentadas perto dele.
Várias vezes, eu mesmo e outras pessoas observamos mão estranha comprimindo as teclas de uma harmônica, ao passo que, no mesmo momento, víamos as mãos do médium, que algumas vezes eram seguras pelas pessoas que se achavam perto dele.
As mãos e os dedos não me pareceram sempre sólidos e de pessoa viva. Algumas vezes, é preciso dizer, ofereciam antes a aparência de nuvem vaporosa, condensada em parte, sob a forma de mão.
Todos os que se achavam presentes não a percebiam igualmente bem. Por exemplo, quando se vê mover uma flor ou qualquer outro pequeno objeto, um dos assistentes notará um vapor luminoso pairar em cima; um outro descobrirá uma mão de aparência nebulosa, enquanto outros apenas verão a flor em movimento.
Vi mais de uma vez, primeiramente, um objeto mover-se, em seguida uma nuvem luminosa que parecia formar-se ao redor dele e, enfim, a nuvem condensar-se, tomar forma e transformar-se em mão, perfeitamente acabada. Nesse momento, todas as pessoas presentes podiam ver essa mão. Nem sempre ela é uma simples forma, pois algumas vezes parece perfeitamente animada e graciosa: os dedos movem-se e a carne parece ser tão humana quanto à de qualquer das pessoas presentes.
No punho e nos braços torna-se vaporosa e perde-se em uma nuvem luminosa.
Ao contato, essas mãos pareceram algumas vezes frias como o gelo e mortas; outras vezes me pareceram quentes e vivas e apertaram a minha mão com a firmeza de um velho amigo.
Retive uma dessas mãos, bem resolvido a não deixá-la escapar. Nenhuma tentativa, nenhum esforço foi feito para fazer-me largar a presa, mas pouco a pouco essa mão pareceu dissolver-se em vapor, e foi assim que ela se libertou da prisão.

Fatos Espíritas

Observados por
William Crookes


terça-feira, 22 de maio de 2012

A Reencarnação Fortalece os Laços de Família, ao Passo Que a Unicidade da Existência os Rompe

A Reencarnação Fortalece os Laços de Família, ao Passo Que a Unicidade da Existência os Rompe

Os laços de família não sofrem destruição alguma com a reencarnação, como o pensam certas pessoas. Ao contrário, tornam-se mais fortalecidos e apertados. O princípio oposto, sim, os destrói.
No espaço, os Espíritos formam grupos ou famílias entrelaçados pela afeição, pela simpatia e pela semelhança das inclinações. Ditosos por se encontrarem juntos, esses Espíritos se buscam uns aos outros. A encarnação apenas momentaneamente os separa, porquanto, ao regressarem à erraticidade, novamente se reúnem como amigos que voltam de uma viagem. Muitas vezes, até, uns seguem a outros na encarnação, vindo aqui reunir-se numa mesma família, ou num mesmo círculo, a fim de trabalharem juntos pelo seu mútuo adiantamento. Se uns encarnam e outros não, nem por isso deixam de estar unidos pelo pensamento. Os que se conservam livres velam pelos que se acham em cativeiro. Os mais adiantados se esforçam por fazer que os retardatários progridam. Após cada existência, todos têm avançado um passo na senda do aperfeiçoamento.
Cada vez menos presos à matéria, mais viva se lhes torna a afeição recíproca, pela razão mesma de que, mais depurada, não tem a perturbá-la o egoísmo, nem as sombras das paixões. Podem, portanto, percorrer, assim, ilimitado número de existências corpóreas, sem que nenhum golpe receba a mútua estima que os liga.
Está bem visto que aqui se trata de afeição real, de alma a alma, única que sobrevive à destruição do corpo, porquanto os seres que neste mundo se unem apenas pelos sentidos nenhum motivo têm para se procurarem no mundo dos Espíritos. Duráveis somente o são as afeições espirituais; as de natureza carnal se extinguem com a causa que lhes deu origem. Ora, semelhante causa não subsiste no mundo dos Espíritos, enquanto a alma existe sempre. No que concerne às pessoas que se unem exclusivamente por motivo de interesse, essas nada realmente são umas para as outras: a morte as separa na Terra e no céu.
A união e a afeição que existem entre pessoas parentes são um índice da simpatia anterior que as aproximou, Daí vem que, falando-se de alguém cujo caráter, gostos e pendores nenhuma semelhança apresentam com os dos seus parentes mais próximos, se costuma dizer que ela não é da família. Dizendo-se isso, enuncia-se uma verdade mais profunda do que se supõe. Deus permite que, nas famílias, ocorram essas encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos, com o duplo objetivo de servir de prova para uns e, para outros, de meio de progresso. Assim, os maus se melhoram pouco a pouco, ao contato dos bons e por efeito dos cuidados que se lhes dispensam. O caráter deles se abranda, seus costumes se apuram, as antipatizas se esvaem. E desse modo que se opera a fusão das diferentes categorias de Espíritos, como se dá na Terra com as raças e os povos.
O temor de que a parentela aumente indefinidamente, em consequência da reencarnação, é de fundo egoístico: prova, naquele que o sente, falta de amor bastante amplo para abranger grande número de pessoas. Um pai, que tem muitos filhos, ama-os menos do que amaria a um deles, se fosse único? Mas, tranquilizem-se os egoístas: não há fundamento para semelhante temor. Do fato de um homem ter tido dez encarnações, não se segue que vá encontrar, no mundo dos Espíritos, dez pais, dez mães, dez mulheres e um número proporcional de filhos e de parentes novos. Lá encontrará sempre os que foram objeto da sua afeição, os quais se lhe terão ligado na Terra, a títulos diversos, e, talvez, sob o mesmo título.
Vejamos agora as consequências da doutrina antireencarcionista. Ela, necessariamente, anula a preexistência da alma. Sendo estas criadas ao mesmo tempo que os corpos, nenhum laço anterior há entre elas, que, nesse caso, serão completamente estranhas umas às outras. O pai é estranho a seu filho. A filiação das famílias fica assim reduzida à só filiação corporal, sem qualquer laço espiritual. Não há então motivo algum para quem quer que seja glorificar-se de haver tido por antepassados tais ou tais personagens ilustres. Com a reencarnação, ascendentes e descendentes podem já se terem conhecido, vivido juntos, amado, e podem reunir-se mais tarde, a fim de apertarem entre si os laços de simpatia.
Isso quanto ao passado. Quanto ao futuro, segundo um dos dogmas fundamentais que decorrem da não-reencarnação, a sorte das almas se acha irrevogavelmente determinada, após uma só existência. A fixação definitiva da sorte implica a cessação de todo progresso, pois desde que haja qualquer progresso já não há sorte definitiva. Conforme tenham vivido bem ou mal, elas vão imediatamente para a mansão dos bem-aventurados, ou para o inferno eterno. Ficam assim, imediatamente e para sempre, separadas e sem esperança de tornarem a juntar-se, de forma que pais, mães e filhos, maridos e mulheres, irmãos, irmãs e amigos jamais podem estar certos de se verem novamente; é a ruptura absoluta dos laços de família.
Com a reencarnação e progresso a que dá lugar, todos os que se amaram tornam a encontrar-se na Terra e no espaço e juntos gravitam para Deus. Se alguns fraquejam no caminho, esses retardam o seu adiantamento e a sua felicidade, mas não há para eles perda de toda esperança. Ajudados, encorajados e amparados pelos que os amam, um dia sairão do lodaçal em que se enterraram.
Com a reencarnação, finalmente, há perpétua solidariedade entre os encarnados e os desencarnados, e, daí, estreitamento dos laços de afeição.
Em resumo, quatro alternativas se apresentam ao homem, para o seu futuro de além-túmulo: 1ª, o nada, de acordo com a doutrina materialista; 2ª, a absorção no todo universal, de acordo com a doutrina panteísta; 3ª, a individualidade, com fixação definitiva da sorte, segundo a doutrina da Igreja; 4ª, a individualidade, com progressão indefinita, conforme a Doutrina Espírita. Segundo as duas primeiras, os laços de família se rompem por ocasião da morte e nenhuma esperança resta às almas de se encontrarem futuramente. Com a terceira, há para elas a possibilidade de se tornarem a ver, desde que sigam para a mesma região, que tanto pode ser o inferno como o paraíso. Com a pluralidade das existências, inseparável da progressão gradativa, há a certeza na continuidade das relações entre os que se amaram, e é isso o que constitui a verdadeira família.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capítulo 4. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

O poder dos quietos



Em fevereiro, na edição 718 de ÉPOCA, a matéria de capa falava sobre timidez. A reportagem foi baseada em um livro da Susan Cain, uma tímida assumida e bem sucedida que resolveu mostrar as vantagens dessa característica. O livro seria lançado no Brasil em maio, e aqui estou eu com a versão traduzida nas mãos. Quando li a obra em inglês para fazer a matéria, o capítulo final me chamou atenção. Ele tem um clima meio “autoajuda”, mas nem por isso deixa de ser bom. Agora traduzido, reproduzo um pedaço desse capítulo aqui, pois acho que vale a pena ser compartilhado:
“O amor é essencial; a sociabilidade é opcional. Valorize aqueles mais próximos e queridos para você. Trabalhe com colegas de quem goste e a quem respeite, e não se preocupe em socializar com todos os outros. Relacionamentos deixam todos mais felizes, inclusive introvertidos, mas pense mais na qualidade do que na quantidade. O segredo da vida é colocar a si mesmo sob a luz certa. Para alguns são os holofotes da Broadway; para outros, uma escrivaninha iluminada.
Descubra qual deve ser a sua contribuição para o mundo e assegure-se de contribuir. Se para isso for necessário falar em público ou desempenhar outras atividades que o deixam desconfortável, faça assim mesmo. Mas aceite que são atividades difíceis, treine o necessário para facilitá-las e recompense a si mesmo quando terminar.
Aqui está a regra para eventos de networking: uma nova relação realmente boa e honesta vale uma dezena de cartões de visita.
Passe seu tempo livre como quiser, não da maneira que acha que deve. Fique em casa no ano-novo se é o que o deixa feliz. Falte a uma reunião. Atravesse a rua para evitar conversar banalidades com conhecidos aleatórios. Faça um acordo consigo de que irá a um certo número de eventos sociais em troca de não se sentir culpado quando faltar.
Se seus filhos são quietos, ajude-os a fazer as pazes com novas situações e novas pessoas, mas também os deixe serem eles mesmos. Deleite-se com a originalidade de suas mentes. Orgulhe-se da força de suas consciências e da lealdade de suas amizades. Não espere que eles apenas sigam a correnteza. Encoraje-os, em vez disso, a seguir suas paixões.
Se você for um gerente, lembre-se de que parte da sua mão de obra é introvertida, quer pareça, quer não. Pense duas vezes na maneira como dispõe o escritório de sua empresa. Não espere que introvertidos fiquem empolgados com escritórios abertos, festas de aniversário na hora do almoço, ou viagens de construção de equipe.
Quem quer que você seja, tenha em mente que as aparências enganam. Algumas pessoas agem como extrovertidos, mas o esforço custa-lhes a energia, a autenticidade e até a saúde física. Outros parecem distantes e reclusos, mas suas paisagens interiores são ricas e cheias de atividades.
Sabemos pelos mitos e contos de fadas que há muitos tipos de poderes diferentes no mundo. O truque não é ter todos os tipos de poder disponíveis, mas usar bem o que você recebeu. Aos introvertidos é oferecida a chave para jardins privados cheios de riquezas. Possuir essa chave é cair como Alice no buraco do coelho. Ela não escolhei ir para o País das Maravilhas – mas transformou isso numa aventura que era nova, fantástica e pessoal”.
Para quem quiser ler o livro todo: O poder dos Quietos, Susan Cain, editora Agir.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Força interior

Não menosprezes a força interior que Deus te conferiu como dom natural.
Essas energias superiores estão em ti, basta somente que as liberte e um fluxo energético te guiará melhor ante tua própria existência.
O acontecimento não é o que ocorreu, mas sim o que fazes com aquilo que ocorreu. Podes tornar pior ou suavizar tuas tribulações pelo jeito com que reages a elas.
Tua dor será sanada.
Teu conflito, extirpado.
Tua ansiedade, apaziguada.
Tuas buscas sempre encontrarão porto feliz.
Usa abundantemente tua luz interior e terás maior lucidez e discernimento em tua casa mental.
As soluções fluirão mais fáceis, se te integrares nesta força íntima que habitam em ti, pois és herdeiro de Deus.
Ele habita em teu âmago; busca-O, e essas potencialidades divinas estarão mais disponíveis em ti mesmo.
Assim, a harmonia e a serenidade estarão contigo, reforçando o elo que te ligara Divina Providência.

terça-feira, 15 de maio de 2012

A Receita da Felicidade

 

Tadeu, que era dos comentaristas mais inflamados, no culto da Boa Nova, em casa de Pedro, entusiasmara-se na reunião, relacionando os imperativos da felicidade humana e clamando contra os dominadores de Roma e contra os rabinos do Sinédrio.
Tocado de indisfarçável revolta, dissertou largamente sobre a discórdia e o sofrimento reinantes no povo, situando-lhes a causa nas deficiências políticas da época, e, depois que expendeu várias considerações preciosas, em torno do assunto, Jesus perguntou-lhe:
- Tadeu, como interpreta você a felicidade?
- Senhor, a felicidade é a paz de todos.
O Cristo estampou significativa expressão fisionômica e ponderou:
- Sim, Tadeu, isto não desconheço; entretanto, estimaria saber como se sentiria você realmente feliz.
O discípulo, com algum acanhamento, enunciou:
- Mestre, suponho que atingiria a suprema tranqüilidade se pudesse alcançar a compreensão dos outros.
Desejo, para esse fim, que o próximo me não despreze as intenções nobres e puras.
Sei que erro, muitas vezes, porque sou humano; entretanto, ficaria contente se aqueles que convivem comigo me reconhecessem o sincero propósito de acertar.
Respiraria abençoado júbilo se pudesse confiar em meus semelhantes, deles recebendo a justa consideração de que me sinta credor, em face da elevação de meu ideal.
Suspiro pelo respeito de todos, para que eu possa trabalhar sem impedimentos.
Regozijar-me-ia se a maledicência me esquecesse.
Vivo na expectativa da cordialidade alheia e julgo que o mundo seria um paraíso se as pessoas da estrada comum se tratassem de acordo com o meu anseio honesto de ser acatado pelos demais.
A indiferença e a calúnia doem-me no coração.
Creio que o sarcasmo e a suspeita foram organizados pelos Espíritos das trevas, para tormento das criaturas.
A impiedade é um fel quando dirigida contra mim, a maldade é um fantasma de dor quando se põe ao meu encontro.
Em razão de tudo isso, sentir-me-ia venturoso se os meus parentes, afeiçoados e conterrâneos me buscassem, não pelo que aparento ser nas imperfeições do corpo, mas pelo conteúdo de boa-vontade que presumo conservar em minhalma.
Acima de tudo, Senhor, estaria sumamente satisfeito se quantos peregrinam comigo me concedessem direito de experimentar livremente o meu gênero de felicidade pessoal, desde que me sinta aprovado pelo código do bem, no campo de minha consciência, sem ironias e críticas descabidas.
Resumindo, Mestre, eu queria ser compreendido, respeitado e estimado por todos, embora não seja, ainda, o modelo de perfeição que o Céu espera de mim, com o abençoado concurso da dor e do tempo.
Calou-se o apóstolo e esboçou-se, na sala singela, incontido movimento de curiosidade ante a opinião que o Cristo adotaria.
Alguns dos companheiros esperavam que o Amigo Celeste usasse o verbo em comprida dissertação, mas o Mestre fixou os olhos muito límpidos no discípulo e falou com franqueza e doçura:
- Tadeu, se você procura, então, a alegria e a felicidade do mundo inteiro, proceda para com os outros, como deseja que os outros procedam para com você. E caminhando cada homem nessa mesma norma, muito breve estenderemos na Terra as glórias do Paraíso.

XAVIER, Francisco Cândido. Jesus no Lar. Pelo Espírito Neio Lúcio. FEB
Sobre o site www.reflexoesespiritas.org

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Em Louvor das Mães

Em Louvor das Mães

O lar é a célula ativa do organismo social e a mulher, dentro dele, é a força essencial que rege a própria vida.
Se a criança é o futuro, no coração das mães que repousa a sementeira de todos os bens e de todos os males do porvir.
O homem é o pensamento.
A mulher é o ideal.
O homem é a oficina.
A mulher é o santuário.
O homem realiza.
A mulher inspira.
Compreender a gloriosa missão da alma feminina, no soerguimento na Terra, é apostolado fundamental do Cristianismo renascente em nossa Doutrina Consoladora.
Auxiliar, assim, o espírito materno, no desempenho de sua tarefa sublime, constitui obrigação primária de todos nós que abraçamos nos Centros Espíritas novos lares de idealismo superior e que buscamos na Boa Nova do Divino Mestre a orientação maternal para a renovação de nossos destinos.
Nesse sentido, se nos cabe reconhecer no homem o condutor da civilização e o mordomo dos patrimônios materiais na gleba planetária, não podemos esquecer que na mulher devemos identificar o anjo da esperança, ternura e amor, a descer para ajudar, erguer e salvar nos despenhadeiros da sombra, oferecendo-nos, no campo abençoado da luta regenerativa, novos tabernáculos de serviço e purificação.
Glorifiquemos, desse modo, o ministério santificante da maternidade na Terra, recordando que o Todo-Misericordioso, quando se designou enviar ao mundo o seu mais sublime legado para o aperfeiçoamento e a elevação dos homens, chamou um coração de mulher, em Maria Santíssima, e, através das suas mãos devotadas à humanidade e ao bem, à renunciação e ao sacrifício, materializou para nós o coração divino de Nosso Senhor Jesus Cristo, a luz de todos os séculos e o alvo de redenção da Humanidade inteira.

Pelo Espírito Emmanuel
XAVIER, Francisco Cândido. Cartas do Coração. Espíritos Diversos. LAKE.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

ESTUDE E VIVA















Estude e viva.
Valorizamos o ágape comum, em que se debatem assuntos corriqueiros de vivência
humana.
Como desinteressar-nos dos encontros espíritas, nos quais se ventilam questões
fundamentais da vida eterna?
A reunião espírita não é um culto estanque de crença embalsamada em legendas
tradicionalistas. Define-se como sendo assembléia de fraternidade ativa, procurando na fé
raciocinada a explicação lógica aos problemas da vida, do ser e do destino.
Todos somos chamados a participar dela.
Falar e ouvir.
Ensinar e aprender
***
Estamos defrontados no Espiritismo por uma tarefa urgente: desentranhar o
pensamento vivo de Allan Kardec dos princípios que lhe constituem a codificação
doutrinária, tanto quanto ele, Kardec, buscou desentranhar o pensamento vivo do Cristo
dos ensinamentos contidos no Evangelho.
***
Capacitemo-nos de que o estudo reclama esforço de equipe. E a vida em equipe é
disciplina produtiva, com esquecimento de nós mesmos, em favor de todos.
Destacar a obra e olvidar-nos.
Compreender que a realização e educação solicitam entendimento e apoio mútuo.
Associarmo-nos sem a pretensão de comando.
Aceitar as opiniões claramente melhores que as nossas; resignarmo-nos a não ser
pessoa providencial.
Em hipótese alguma, admitir-nos num conjunto de heróis e sim num agrupamento
de criaturas humanas,em que a experiências difíceis podem ocorrer a qualquer momento.
Nunca menosprezar os outros, por maiores as complicações que apresentem. Por outro
lado, aceitar com sinceridade e bom-humor as críticas que outros nos enderecem.
Esquecer as velhas teclas da maldição aos perversos, da sociedade corrompida, da
humanidade a caminho do abismo ou do tudo deve ser feito como os guias determinaram.
Não subestimar o perigo do mal, todavia, procurar o bem acima de tudo e favorecer-lhe a
influência; não ignorar os erros da coletividade terrestre, mas identificar-lhe o benefícios e
auxiliá-la no aperfeiçoamento preciso; não cerrar os olhos aos enganos da Humanidade,
contudo, reconhecer que o progresso é lei e colaborar com o progresso, em todas as
circunstâncias; não fugir ao agradecimento devido aos benfeitores e amigos
desencarnados, entretanto, não abdicar do raciocínio próprio e nem desertar da
responsabilidade pessoal a pretexto de humildade e gratidão para com eles.
***
Somos trazidos à escola espírita, a fim de auxiliarmos e sermos auxiliado, na
permuta de experiências e aquisição de conhecimento.
Este livro é uma demonstração disso. Encontro informal entre companheiros
encarnados e desencarnados, em torno da obra libertadora de Allan Kardec.
Explanações, definições, idéias e comentários. Em suma, convite sintético ao estudo.
Estudar para aprender. Aprender para trabalhar. Trabalhar para servir sempre mais.
Estude e viva.
Pense no valor de sua cooperação na melhoria e no engrandecimento da equipe de
que participa, esteja ela constituída no templo doutrinário ou em seu culto doméstico de
elevação espiritual.
Não esquecer que o seu auxílio ao grupo deve ser tão substancial e tão importante
quanto o auxílio que o grupo está prestando a você.
André Luiz
Uberaba, 11 de fevereiro de 1965.
(Página recebida pelo médium Waldo Vieira.)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

O Estudo

                                              

                                               

                                             12
                                        O Estudo

O estudo é a fonte de ternos e puros gozos; liberta-nos das preocupações vulgares e faz-nos esquecer as tribulações da vida. O livro é um amigo sincero que nos dá bons augúrios nas horas felizes, bem como nas ocasiões críticas. Referimo-nos ao livro sério, útil, que instrui, consola, anima, e não ao livro frívolo, que diverte e, muitas vezes, desmoraliza. Ainda não nos compenetramos bem do verdadeiro caráter do bom livro. É como uma voz que nos fala através dos tempos, relatando-nos os trabalhos, as lutas, as descobertas daqueles que nos precederam no caminho da vida e que, em nosso proveito, aplanaram as dificuldades.
Não será grande felicidade o podermos neste mundo comunicar pelo pensamento com os Espíritos eminentes de todos os séculos e de todos os países? Eles puseram no livro a melhor parte da sua inteligência e do seu coração. Conduzem-nos pela mão, através dos dédalos da História; guiam-nos para as altas regiões da Ciência, das Artes e da Literatura. Ao contacto dessas obras que constituem o mais precioso dos bens da Humanidade, compulsando esses arquivos sagrados, sentimo-nos engrandecer, sentimo-nos satisfeitos por pertencermos a raças que produziram tais gênios. A irradiação do seu pensamento estende-se sobre nossas almas, reaquecendo-nos e exaltando-nos.
Saibamos escolher bons livros e habituemo-nos a viver no meio deles, em relação constante com os Espíritos elevados. Rejeitemos com objetivismo as obras pérfidas, escritas para lisonjear as paixões vis. Acautelemo-nos dessa literatura relaxada, fruto do sensualismo, que deixa em sua passagem a corrupção e a imoralidade.
A maior parte dos homens pretende amar o estudo, e objeta que lhe falta tempo para se entregar a ele. Mas, quantos nessa maioria consagram noites inteiras ao jogo, às conversações ociosas? Alguns replicam que os livros custam caro; entretanto, em prazeres fúteis e de mau gosto, despendem mais dinheiro do que o necessário para a aquisição de uma rica coleção de obras. Além disso, o estudo da Natureza, o mais eficaz, o mais confortável de todos, nada custa.
A ciência humana é falível e variável; a Natureza não. Esta nunca se desmente. Nas horas de incerteza e de desânimo voltemo-nos para ela. Como uma mãe, a Natureza então nos acolherá, sorrirá para nós, acalentar-nos-á em seu seio. Irá falar-nos em linguagem simples e terna, na qual a verdade está despida de atavios e de fórmulas; porém, essa linguagem pacífica poucos sabem escutar e compreender. O homem leva consigo, mesmo no fundo das solidões, essas paixões, essas agitações internas, cujos ruídos abafam o ensino íntimo da Natureza. Para discernir a revelação imanente no seio das coisas é necessário impor silêncio às quimeras do mundo, a essas opiniões turbulentas, que perturbam a paz dentro e ao redor de nós. Então, todos os ecos da vida política e social calar-se-ão, a alma perscrutará a si própria, evocará o sentimento da Natureza, das leis eternas, a fim de comunicar-se com a Razão Suprema.
O estudo da Natureza terrestre eleva e fortifica o pensamento; mas, que dizer das perspectivas celestes?
Quando a noite tranqüila desvenda o seu zimbório estrelado, quando os astros começam a desfilar, quando aparecem as multidões planetárias e as nebulosas perdidas no seio dos espaços, uma claridade trêmula e difusa desce sobre nós, uma misteriosa influência envolve-nos, um sentimento profundamente religioso invade-nos. Como as vãs preocupações sossegam nessa hora! Como a sensação do desconhecido nos penetra, subjuga-nos e faz-nos dobrar os joelhos! Que muda adoração se nos eleva então do ser!
A Terra, frágil esquife, voga nos campos da imensidade. Impulsionada pelo Sol poderoso, ela foge. Por toda parte ao seu redor, o espaço; por toda parte, belas profundezas que ninguém pode sondar sem vertigem. Por toda parte, também, a distâncias enormes, mundos, depois mundos ainda, ilhas flutuantes, embaladas nas ondas do éter. O olhar recusa-se a contá-las, mas o nosso espírito considera-as com respeito, com amor. Suas sutis irradiações atraem-no.
Enorme Júpiter! E tu, Saturno, rodeado por uma faixa luminosa e coroado por oito luas de ouro; sóis gigantes de fogos multicores, esferas inumeráveis nós vos saudamos do fundo do abismo! Mundos que brilhais sobre nossas cabeças, que maravilhas encobris vós? Quereríamos conhecer-vos, saber quais os povos, quais as cidades estranhas, quais civilizações se desenvolvem sobre vossos vastos flancos! Um instinto secreto diz-nos que em vós reside a felicidade, inutilmente procurada aqui na Terra.
Mas, por que duvidar e temer? Esses mundos são a nossa herança. Somos destinados a percorrê-los, a habitá-los. Visitaremos esses arquipélagos estelares e penetraremos seus mistérios. Nenhum obstáculo jamais deterá o nosso curso, os nossos impulsos e progressos, se soubermos conformar nossa vontade às leis divinas e conquistar pelos nossos atos a plenitude da vida, com os celestes gozos que lhe são inerentes.
Léon Denis: Livro caminho reto
(Extraído da obra “Léon Denis - Depois da Morte”)
Fonte: