sexta-feira, 29 de março de 2013

A CEIA PASCOAL







“Chegada a hora pôs-se Jesus à mesa e com ele os apóstolos. E disse-lhes. Tenho ansiosamente desejado comer convosco esta Páscoa antes da minha paixão; pois vos digo que nunca mais a hei de comer, até que ela se cumpra no Reino de Deus. Depois de receber o cálice, havendo dado graças, disse: Tomai-o e distribui-o entre vós; pois vos digo que desde agora não beberei o fruto da videira até que venha o Reino de Deus. E tomando o pão e tendo dado graças, partiu-o e deu aos discípulos, dizendo: Este é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Depois da ceia tomou do mesmo modo o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que será derramado por vós.”
(Lucas, XXII, 14-20.)
“Estando eles comendo, tomou Jesus o pão e, tendo dado graças, partiu-o e deu aos discípulos, dizendo: Tomai e comei; este é o meu corpo”. E tomando o cálice, rendeu graças e deu-lhes, dizendo: Bebei dele todos; porque este é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos para remissão de pecados. Mas digo-vos que desta hora em diante não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que hei de beber de novo convosco no reino do meu Pai.
(Mateus, XXVI, 26-29.)
“Estando eles comendo, tomou Jesus o pão e, tendo dado graças, partiu e deu-lhes, dizendo: Tomai-o; este é o meu corpo. E tomando o cálice, rendeu graças, e deu-lhes; e todos beberam dele. E disse-lhes: Este é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos. Em verdade vos digo que nunca mais beberei do fruto da videira. até aquele dia, em que hei de beber de novo no Reino de Deus.”
(Marcos, XIV, 22-25)

Narram as Escrituras que o Profeta Ezequiel, arrebatado em Espírito, de Babilônia, onde se achava cativo, foi em Jerusalém, e nesta cidade um Anjo mostrou-lhe um Santuário, que tinha a porta fechada; e disse-lhe que “fora daquela porta assim fechada, assentar-se-ia o Príncipe à mesa, para comer o pão na presença do Senhor” (Ezequiel, 44,1-3).
Extraordinário transporte espírita! Belíssima visão profética! Maravilhosa comunicação premonitória, que se realizou a letra, algumas vintenas de anos depois!
Arrebatado em Espírito, com grande antecedência, viu o Profeta Ezequiel a cena estupenda que se deveria desdobrar através dos tempos: “Jesus, o Príncipe da Paz, sentado a uma mesa a partir o pão com seus discípulos, na cidade de Jerusalém”, tal como relembramos neste escrito, pela leitura dos Evangelhos.
No “Santuário” só podia ser repartido “o pão da proposição”, pelos sacerdotes; para Jesus, que tinha por missão infundir no Espírito Humano a Nova Lei do Amor do Perdão e da adoração a Deus em Espírito e Verdade, o Santuário fechou as portas!
Era preciso que assim acontecesse para que a Doutrina Cristã sofresse a contingência das duras impugnações com que os reacionários de todos os tempos entravam todas as ideias novas, até a mais nobre e pura, a mais santa e verdadeira com que Deus quis auxiliar seus filhos.
Entretanto, o Pão não ficou inteiro e repartiu-se com tanta fartura que até hoje, 20 séculos depois, podemos com ele saciar a nossa fome de entendimento! Milagre ainda maior do que aquele que multiplicou peixes e pães que saciaram 5.000 pessoas. Aqueles pães e peixes, embora matassem a fome de tanta gente e sobrassem ainda doze cestos de sobras, não chegaram até nós; ao passo que este Pão se reflete através das gerações e envolve nossa alma em fluidos benéficos, que verdadeiramente saciam o Espírito.
Respingando com minuciosa atenção os trechos evangélicos acima transcritos, vemo-los em íntima relação com os capítulos 13, 14, 15 e 16 do Evangelho de João, que recomendamos à atenção dos leitores. E assim chegamos à conclusão, pondo em concordância os quatro Evangelhos, que o fim de Jesus, celebrando a Ceia, não foi comer o pão, por isso diz o Evangelista: “Tomando o pão partiu-o; deu-o aos discípulos e disse-lhes: tomai e comei, este é o meu corpo, que vai ser dado por vós; e com o cálice cheio de vinho, ofereceu-lhes, dizendo: beba, este é o sangue do Novo Testamento que vai ser derramado em vosso benefício.”.
Por esta passagem se vê claramente que Jesus não tratava do pão material nem do vinho de uva, mas da sua Doutrina, que é o alimento do Espírito, e precisa ser repartido com todos, para que todos os Espíritos não sintam fome de conhecimentos religiosos; para que todos sejam saciados com esse Pão que nos dá um corpo novo, incorruptível, imortal.
As duas espécies: pão e vinho, não são mais que alegorias, que dão ideia da letra e do espírito; assim como a carne e o sangue especificam a mesma idéia: letra e espírito.
Queria Jesus mais uma vez lembrar a seus discípulos que o seu corpo — que é a sua Doutrina — não pode ser assimilada unicamente à letra, mas precisa ser estudada e compreendida em espírito e verdade; por isso o Mestre acrescentou, quando os judeus se escandalizaram por haver ele dito que seus discípulos necessitavam comer a sua carne e beber o seu sangue: “A carne para nada presta, o espírito é que vivifica; as palavras que eu vos digo são espírito e vida.”
Não é, pois, com o pão, nem com a hóstia, que devemos comungar, mas, sim, com a Palavra do Cristo, com a sua Doutrina.

***

Diz Davi nos Salmos 78 – 24 e 26, profetizando sobre Jesus:
“O trigo do Céu desceu a Terra, e os anjos deram de comer aos homens”.
Duas coisas notamos nesta passagem: primeiro, o trigo é do Céu: segundo, os anjos é que deram de comer aos homens.
Ora, se o trigo é do Céu, o pão não pode ser material, mas sim espiritual; e se os anjos é que deram de comer aos homens, está se cumprindo em nossos dias a palavra profética de Davi, porque a Doutrina do Cristo está sendo oferecida em todos os pontos do globo, a todos os homens, pelos Espíritos.
Anjo quer dizer espírito mensageiro de Deus. E não são estes que vêm relembrar-nos a Palavra Divina e descerrar aos nossos olhos as portas da Imortalidade?
Jesus Cristo, encarnando a palavra de Deus, o Verbo, disse que ela é Pão; Davi profetizando sobre a distribuição do Pão aos homens, afirmou que essa tarefa estava a cargo dos Anjos.
Eis o característico bem saliente da nossa Doutrina, fac-símile da Pura Doutrina de Jesus, ou seja, a mesma Doutrina de Jesus: “ser pão, e ser repartida por Anjos”.
O Pão da Vida, que é o Pão do Céu, não pode mesmo ser ministrado por homens, tenham eles o título que tiverem, embora se revistam de todas as aparências sugestivas para atrair as almas.
Continuemos, entretanto, a examinar se esta afirmação é ou não a verdade sagrada.
Qual foi o primeiro Pão espiritual que a Bíblia nos diz ter sido dado aos israelitas?
— Os dez mandamentos (ou seja, o Decálogo), escritos nas Tábuas da Lei.
Quem os escreveu?
— Moisés? Não! Diz o texto que Moisés subiu ao Sinai e Jeová (um dos Espíritos Guias de Israel) foi quem os escreveu pela mediunidade de Moisés.
Quem fez Davi e Isaías escrever? Quem fez mover os lábios de Malaquias, de Jeremias, de Ezequiel e Daniel? Não foram os Anjos, os Espíritos, segundo se lê nos próprios textos destes livros encerrados na Bíblia?
Quem anunciou à Maria o nascimento do Messias, e, portanto, a materialização do Verbo de Deus? Não foi um Espírito chamado Gabriel?
Quem falou por Estevão e anunciou por Ágabo coisas que se iam realizar, e, de fato, se realizaram? Não foram os Espíritos?
Qual homem na Terra se pode julgar com autoridade para falar das coisas do Céu? Homem, um só. Jesus, porque nele havia encarnado o Verbo de Deus e ele era o Pão, podia dar-se a si mesmo, a todos; mas desde que o mundo existe, não consta nas páginas da História que outro homem o igualasse.
— Os Apóstolos! Poderia alguém dizer. Mas os Apóstolos não foram Apóstolos enquanto não receberam o Espírito no Cenáculo.
Todo o pão que eles distribuíram, durante sua estadia na Terra, foi manipulado pelos Anjos, pelos Espíritos de Deus, que depois da explosão de Pentecostes nunca os deixaram. Foi neste dia que eles receberam o “batismo” e foi nesse dia que ficaram “batizados”, porque “estar batizado” é estar envolto, é estar imerso nos fluidos vivificadores dos Espíritos Santos.
E se assim não é, quais foram às obras que eles praticaram, qual Doutrina pregaram antes de receberem o espírito, no Cenáculo?
O homem que, num calmo momento de meditação, olhar para o passado, verá assombrado as transformações profundas, maravilhosas mesmo, operadas à sua atenção desprevenida. E se olhar para a vida do mundo, abismar-se-á ao ver como o dia a dia, minuto por minuto, o tempo, supremo iconoclasta, vem destruindo as mais basilares teorias, as mais incontroversas ideias, os mais sólidos monumentos, as mais inatacáveis fortalezas erguidas pela vontade humana!
Mas a Palavra de Jesus foi e será inatingível; a Palavra de Jesus não passou: é permanente, eterna, imutável! Assim está escrito e assim se há de cumprir. Ela é indispensável à evolução da Humanidade e há de realizar, sem dúvida alguma, a sua missão providencial, libertadora, reformando todas as instituições decrépitas e alimentando, como Pão que é todos os homens que, à procura de novos estádios de liberdade, buscarem o seu espírito vivificante.
A Lição da Ceia e do Lava-pés é a Lição do Amor, da Humildade, para aquisição das glórias vindouras.

Cairbar Schutel

Parábolas e Ensinos de Jesus

1ª Edição - 1928

Descrição: Icone






domingo, 24 de março de 2013

Páscoa na Ótica Espírita...



O Banquete dos Publicanos
"E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?" - (MATEUS, capítulo 9, versículo 11.)
De maneira geral, a comunidade cristã, em seus diversos setores, ainda não percebeu toda a significação do banquete do Mestre, entre publicanos e pecadores.
Não só a última ceia com os discípulos mais íntimos se revestiu de singular importância. Nessa reunião de Jerusalém, ocorrida na Páscoa, revela-nos Jesus o caráter sublime de suas relações com os amigos de apostolado. Trata- se de ágape íntimo e familiar, solenizando despedida afetuosa e divina lição ao mesmo tempo.
No entanto, é necessário recordar que o Mestre atendia a esse círculo em derradeiro lugar, porqüanto já se havia banqueteado carinhosamente com os publicanos e pecadores. Partilhava a ceia com os discípulos, num dia de alta vibração religiosa, mas comungara o júbilo daqueles que viviam a distância da fé, reunindo-os, generoso, e conferindo-lhes os mesmos bens nascidos de seu amor.
O banquete dos publicanos tem especial significado na história do Cristianismo. Demonstra que o Senhor abraça a todos os que desejem a excelência de sua alimentação espiritual nos trabalhos de sua vinha, e que não só nas ocasiões de fé permanece presente entre os que o amam; em qualquer tempo e situação, está pronto a atender as almas que o buscam.
O banquete dos pecadores foi oferecido antes da ceia aos discípulos. E não nos esqueçamos de que a mesa divina prossegue em sublime serviço. Resta aos comensais o aproveitamento da concessão.
XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 137.
Descrição: http://www.reflexoesespiritas.org/images/cepa.png
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Noite inexcedível
Vivia-se o período da supremacia do poder absoluto sobre as pessoas e as nações.
O ser humano era, de alguma sorte, alimária submetida ao jugo das paixões dos conquistadores impiedosos e dos regimes perversos.
Os direitos repousavam nos poderes execrandos que não distinguiam justos de injustos, nobres de serviçais, todos colocados na mesma lixeira de degradação gerada pelos fâmulos das glórias mentirosas de um dia.
A Terra estorcegava sob as legiões romanas que, embora tolerassem alguns cultos dos vencidos e as suas tradições, estorquiam ao máximo todas as possibilidades de sobrevivência, mediante impostos absurdos e perseguições sem nome.
Esplendia o Império em glórias da literatura, da arte, da beleza, mas, sobretudo, da guerra.
Espalhadas, praticamente, por quase todo o mundo conhecido, não havia fronteiras para delimitar o poder de Roma, que se assenhoreara do planeta através das suas forças poderosas.
Antes desse período, Alexandre Magno, da Macedônia, Ciro, rei dos persas, Aníbal, o cartaginês e outros sicários dos povos haviam passado, deixando rastros de destruição e de desgraça, assinalando as suas conquistas com o pesado tributo das vidas que eram arrebatadas.
O mundo sofria a opressão dos mais perversos e a lei era sempre aplicada pelas armas de aniquilamento das vidas.
Israel havia perdido a direção do seu pensamento vinculado ao Deus único, padecendo as injunções arbitrárias dos seus governantes insanos, encontrando-se sob o jugo de Herodes, o Grande, que nem sequer era judeu, mas idumeu. Tentando harmonizar a sua origem com a raça hebreia, casou-se com Marianne, de origem hasmoniana, filha de nobre sacerdote do Templo, a quem mandou matar por inconcebível suspeita de adultério, como fizera com alguns dos seus próprios filhos, temendo que lhe tomassem o poder.
Tentando diminuir os ódios da raça que administrava, encarregou-se de embelezar o Templo, adornando-o com uma parreira de ouro maciço numa das laterais de entrada, e continuando a construção grandiosa, que seria derrubada por Tito, no ano 70 d. C., não ficando pedra sobre pedra.
O seu execrando governo deixou marcas inapagáveis de imoralidade e de perversão por toda parte, facultando que o povo sofresse todos os tipos de perseguição e aumentasse a sanha dos ódios entre as diferentes classes.
A religião descera ao fundo do poço do desrespeito às leis mosaicas e às tradições proféticas, tornando-se um negócio rendoso que engabelava os frequentadores do Templo de Jerusalém e das sinagogas, mais caracterizados pelos formalismos do que, realmente, pelo significado espiritual que desaparecera quase em totalidade.
Raros, eram os sacerdotes escrupulosos e respeitáveis, porquanto a imensa maioria se encontrava mancomunada com os governantes em lamentáveis conciliábulos de exploração da ignorância e da superstição.
*
É nesse clima de hostilidades e no surgimento de uma fase nova na governança do Império romano, que nasceu Jesus.
Contrastando com as construções luxuosas e as hospedarias erguidas no fausto e na ostentação, Ele veio ter com a Humanidade numa gruta modesta de calcário nas cercanias de Belém, numa noite arrebatadora de estrelas fulgurantes em verdadeira orquestração de luzes.
Ao invés da presença da elite em torno do seu berço e dos destacados administradores do país, esteve cercado pelos pais e pelos animais domésticos que dormiam na modesta brecha da Natureza.
O vento frio que soprava no exterior não perturbava o aquecimento pela fogueira no pequenino espaço em que Ele dormia.
Nada obstante, uma insuperável musicalidade angélica esparzia as vibrações harmônicas em toda parte, anunciando a chegada à Terra do Seu Rei e Senhor.
Nunca mais o opróbrio ganharia prêmios nem se destacaria nas comunidades humanas, porque Ele viera para que os oprimidos experimentassem o arrebentar das grilhetas, os vencidos pudessem respirar o ar balsâmico da liberdade, os infelizes tivessem ensejo de cultivar a esperança e os abandonados recebessem carinho onde quer que se encontrassem.
Jesus foi o Homem que demarcou a História com a Sua presença, assinalando lhe todos os fastos antes e depois da Sua estada entre nós.
Mais tarde, atendendo às injunções tradicionais, Seus pais levaram-no ao Templo, onde foi reconhecido como o Messias e distinguido por Simeão e Ana que logo O identificaram.
Ainda jovem, retornou ao grande santuário durante as celebrações da Páscoa, que mais tarde se tornarão trágicas, enfrentando os astutos sacerdotes num diálogo extraordinário, a todos confundindo com a Sua palavra excepcional.
(...)E, posteriormente, saiu a ensinar o amor e a vivê-lo em toda a sua gloriosa dimensão, modificando a paisagem humana do planeta que, embora ainda não haja absorvido todos os Seus ensinamentos, caminha, inexoravelmente, para o clímax após a transição que hoje experimenta.
Jesus não é um símbolo da grandeza do amor, mas o Amor mesmo em nome do Pai, alterando a legislação dos homens, sempre interesseiros, e da governança, invariavelmente injusta, em novas condutas para a felicidade dos povos.
Sob todos os aspectos considerados, é excepcional o Seu ministério terrestre e incomparável a Sua dedicação.
Ruiu o Império Romano, outros o sucederam, modificaram-se as organizações terrestres, a Sua doutrina foi ultrajada pelos interesses mesquinhos dos infiéis seguidores, mas ela permanece imutável na mensagem moral de que se reveste, renascendo sob outras formas de dedicação e de caridade, como caminhos de autoiluminação e de vida para todas as criaturas.
Logo mais, celebrar-se-ão as festas evocativas daquela noite inexcedível.
Faze silêncio de oração e deixa-te mimetizar pelo psiquismo do Mestre a quem amas, dedicando a tua existência ao serviço de amor, nestes tormentosos dias da Humanidade.
Não permitas que o Natal seja apenas uma festa vulgar de trocas de presentes e de comilanças, mas, sobretudo, de espiritualidade, contribuindo para que a dor seja menos sofrida e o desespero ceda lugar à alegria em memória dEle, o Conquistador inconquistado.
Divaldo Pereira Franco. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Psicografia de Divaldo Pereira Franco, no dia 30 de setembro de 2011, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia. Fonte: http://www.divaldofranco.com/mensagens.php?not=269.
Repassando...

segunda-feira, 18 de março de 2013

Espiritismo e as grandes transições



 
Espiritismo e as grandes transições
         220. O século XIX foi, contudo, um período de numerosas conquistas em todos os campos, e um deles é a extinção do cativeiro. Cumprindo as determinações de Jesus, seus mensageiros invisíveis laboram junto aos gabinetes administrativos, de modo a facilitar a vitória da liberdade. As decisões do Congresso de Viena, reprovando o tráfico de homens livres, encontrara funda repercussão em todos os países: em 1834 é abolida a escravidão nas colônias britânicas; em 1848 a França extingue o cativeiro em seus territórios; em 1850 o Brasil suprime o tráfico negreiro e alguns anos depois a Princesa Isabel assina a Lei Áurea. (PP. 203 e 204)
         221. Grandes ideias florescem na mentalidade de então. Ressurgem as antigas doutrinas de igualdade absoluta e aparece o socialismo propondo reformas viscerais e imediatas. (P. 204)
         222. O Espiritismo chegava desse modo, na hora psicológica das grandes transformações, alentando o espírito humano para que se não perdesse o fruto sagrado de quantos trabalharam e sofreram no esforço penoso da civilização. (P. 205)
         223. Com as provas da sobrevivência, vinha reabilitar o Cristianismo que a Igreja deturpara. Com as verdades da reencarnação, explicava o absurdo das teorias igualitárias absolutas. Enquadrando o socialismo nos postulados cristãos, não se ilude com as reformas exteriores, para concluir que a única renovação apreciável é a do homem íntimo, pugnando assim pela intensificação dos movimentos educativos da criatura, à luz eterna do Evangelho. (P. 206)
         224. Despreocupado de todas as revoluções, porque somente a evolução é o seu campo de atividade e de experiência, distante de todas as guerras pela compreensão dos laços fraternos que reúnem a comunidade universal, ensina a fraternidade legítima dos homens e das pátrias, das famílias e dos grupos, alargando as concepções da justiça econômica e corrigindo o espírito exaltado das ideologias extremistas. (P. 206)
         225. Enquanto os utopistas da reforma exterior se entregam à tutela de ditadores impiedosos, como os da Rússia e da Alemanha, em suas sinistras aventuras revolucionárias, o Espiritismo prossegue a sua obra educativa junto das classes intelectuais e das massas anônimas e sofredoras, preparando o mundo de amanhã com as luzes imorredouras da lição do Cristo. (N.R.: Quando este livro foi escrito, o mundo estava às vésperas da 2a Guerra Mundial, iniciada em 1939. Passaram-se desde então 61 anos e eis o resultado: a Alemanha nazista foi destruída e a União Soviética desapareceu graças às suas próprias contradições, sem guerras nem agressões externas.) (P. 206)
         226. O século XX surgiu no horizonte do globo, qual arena ampla de lutas renovadoras. As teorias sociais continuam seu caminho, mas as revelações do além-túmulo descem às almas, como orvalho imaterial, preludiando a paz e a luz de uma nova era. (P. 207)
         227. A guerra russo-japonesa e a 1a Guerra Mundial foram pródromos de uma luta maior, que não vem muito longe, e dentro da qual o planeta alijará todos os Espíritos rebeldes e galvanizados no crime. (P. 208)
         228. A Terra ver-se-á, então, como aquele mundo da Capela, livre das entidades endurecidas no mal, porque o homem da radiotelefonia e do transatlântico precisa de alma e sentimento, a fim de não perverter as sagradas conquistas do progresso. Ficarão no mundo os que puderem compreender a lição do amor e da fraternidade, sob a égide de Jesus. (P. 208)
         229. Embora compelida a participar das lutas próximas, a América está destinada a receber o cetro da civilização e da cultura, na orientação dos povos porvindouros. (N.R.: Os Estados Unidos só entraram na 2a Guerra Mundial, bem depois de sua eclosão, em virtude da agressão japonesa.) (PP. 208 e 209)
         230. A corrida armamentista do século XX começou antes da luta de Porto Artur, em 1904. As indústrias bélicas atingem culminâncias imprevistas. A Europa e o Oriente constituem um campo vasto de agressão e terrorismo, com exceção das Repúblicas Democráticas, obrigadas a grandes programas de rearmamento em face do extremismo vigente. Onde estão os valores morais da Humanidade? As igrejas, por sua vez, estão amordaçadas pelas injunções de ordem econômica e política. (PP. 209 e 210)
         231. O esforço do Espiritismo, diante desse quadro, parece superior às suas próprias forças, mas é preciso entender que o mundo não está à disposição dos ditadores. Jesus é o seu único diretor no plano das realidades imortais. (P. 210)
         232. Os espaços mais próximos da Terra se movimentam a favor do restabelecimento da verdade e da paz, a caminho de uma nova era. Espíritos abnegados falam de uma nova reunião da comunidade das potências angélicas do sistema solar, da qual Jesus é um dos membros. Que resultará desse conclave? Só Deus o sabe. (P. 210)

         O Evangelho e o futuro
         233. Esse modesto escorço da História mostra os laços eternos que ligam todas as gerações nos surtos evolutivos do planeta. Muitas vezes, o palco foi modificado, mas os atores são os mesmos, caminhando, em suas lutas purificadoras, para a perfeição daquele que é a Luz do princípio. (P. 211)
         234. A vinda do Cristo ao planeta assinalou o maior acontecimento para o mundo, mas a pureza do Cristianismo não conseguiu manter-se intacta, logo que regressaram ao plano invisível os auxiliares do Senhor. (P. 212)
         235. O assédio das trevas avassalou o coração das criaturas; surgiram a falsidade e a má-fé; desvirtuaram-se os seus princípios, e a realidade é que a civilização ocidental não chegou a se cristianizar. Na França temos a guilhotina, a forca na Inglaterra, o machado na Alemanha e a cadeira elétrica na própria América da fraternidade e da concórdia. (P. 213)
         236. É chegado, porém, o tempo do reajustamento de todos os valores humanos. Se as dolorosas expiações coletivas preludiam a época dos últimos "ais" do Apocalipse, a espiritualidade tem de penetrar as realizações do homem físico, conduzindo-as para o bem de toda a Humanidade. (P. 213)
         237. Na sua missão de Consolador enviado pelo Cristo, o Espiritismo é o amparo do mundo neste século de declives da sua História, e só ele pode, na sua feição de Cristianismo redivivo, salvar as religiões que se apagam entre os choques da força e da ambição, do egoísmo e do domínio, apontando ao homem os seus verdadeiros caminhos. (P. 213)
         238. O século que passa efetuará a divisão das ovelhas do imenso rebanho. O cajado do pastor conduzirá o sofrimento na tarefa penosa da escolha e a dor se incumbirá do trabalho que os homens não aceitaram por amor. Uma tempestade de amarguras varrerá, então, toda a Terra. (P. 214)
         239. Vive-se agora, no planeta, um crepúsculo, ao qual sucederá profunda noite, mas ao século XX compete a missão do desfecho desses acontecimentos espantosos, porque depois da treva surgirá uma nova aurora e luzes consoladoras envolverão todo o orbe regenerado no batismo do sofrimento. (P. 215)

         Conclusão
         240. Na conclusão desta obra, diz Emmanuel que seu objetivo, ao escrevê-la, foi demonstrar a influência "sagrada do Cristo na organização de todos os surtos da civilização do planeta, a partir da sua escultura geológica" e revelar, mais uma vez, "os ascendentes místicos que dominam os centros do progresso humano, em todos os seus departamentos". (PP. 217 e 218)

Londrina, 19-8-2001
Astolfo O. de Oliveira Filho
A caminho da luz.doc
Repassando...
A maior “caridade que podemos fazer pela Doutrina Espírita é a sua divulgação”: Emmanuel: Chico Xavier...