quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O Egoísmo

Na ótica espíta
No passado, a brutalidade do egoísmo falava pelo fio da espada e pela indiferença como o modo de ser normal dos seres: As criaturas enfermas se viam condenadas ao ostracismo e á penúria. Os leprosos tinham como refúgio, o vale infecto. Os famintos dependiam da sorte ou de crime para conseguirem sustento. As moradias se edificavam em ruelas escuras e sombrias, onde o medo e a violência espreitavam a cada beco. A higiene era relegada a coisa secundária, convivendo os cortesãos palacianos com luxo do vestuário e das perucas em meio ao odor acre da urina oculta por detrás de vastas cortinas ou das fezes sob as escadas de mármores raros. Os caminhos lamacentos contrastavam com a ausência de sapatos ou precariedade dos meios de transporte. As guerras devastavam as esperanças e a necessidade de estabilidade social e individual. Doenças e ratos, insetos e epidemias consumiam as criaturas como gravetos atirados ao incêndio voraz. No entanto, apesar de tais conseqüências, fruto amargo da semeadura de um homem indiferente, o Amor vigiava e se empenhava em melhorar o panorama da vida. Em função desse esforço, através do exemplo de Jesus, pudemos receber os pousos que abrigavam os doentes, na primeira casa cristã de caridade espontânea e inusitada, na moradia de Pedro. Estimulados pela alegria que se espalhava no olhar dos necessitados, multiplicaram-se as casas de misericórdia pelo mundo, fechando-se, com o tempo e graças ao esforço dos abnegados seguidores do Mestre, os vales de exílio desumano. Dispensários e albergues, sopas caridosas e movimentos de assistência fraterna buscaram alimentar a desdita humana, através de obras pias e generosas. No esforço de melhorar a Terra, o Amor estimulou o aprendizado e mestres vestiram a veste carnal para desenvolver as técnicas humanas, aperfeiçoando os processos e modificando as antigas estruturas urbanas, afastando o caos. Reconheceu-se a necessidade do saneamento como forma profilática insubstituível, no sentido de minimizar os problemas causados pelo ajuntamento humano em comunidades cada vez maiores. Em face de escassez de meios, espíritos preparados aceitaram a difícil tarefa missionária de regressar ao corpo físico para desenvolver máquinas, sistemas conceitos e teorias de apoio ao anseio de melhores condições de vida. Ante a escuridão dos tenebrosos elos das cruzadas e da inquisição, a resposta do Amor foi aquilo que ficou conhecido como período do “renascimento”, que em todos os sentidos e setores, enriqueceu o mundo conhecido com inventos, descobertas, criações artísticas, embelezando e trazendo novos conceitos estéticos, éticos e políticos para o novo ciclo da humanidade. Aparelhos favoreceram a localização mais exata no seio dos mares indevassados e a arte da construção naval propiciou que navios mais robustos cruzassem os oceanos, descobrindo mais riquezas e civilizações. A imprensa produziu a multiplicação do conhecimento a partir de pequena prensa e algumas letras lavradas na madeira podre, afastando a lentidão dos copistas. A compreensão dos processos da enfermidade e das necessárias cautelas no combate á sua transmissão, levaram os homens a melhorar a condição de saneamento, buscando a canalização da água limpa e a colheita dos dejetos separadamente, descartando-os com segurança. Combateu-se a lama das ruas com pedras de revestimento. O amor inspirou que se acendessem lampiões para iluminar os caminhos no cair da noite, clareando-os e afastando o impulso criminoso. Desenvolveu-se a justiça, partindo da barbárie da lei do mais forte para chegar á força do direito escrito na regularidade da lei e juízes substituiu reis ou governantes na administração das penas. Criou-se o sistema policial para reprimir o avanço da enfermidade social representada pelo delito que desestabiliza as relações humanas. Escolas se abriram, igrejas se fundaram, albergues se multiplicaram e, em todos os países as sementes do Amor que Jesus espalhou fizeram as frutificações no coração das pessoas, identificando fora de si às mesmas generosas lições que Deus colocou no íntimo dos espíritos por Ele criados. Hoje pode parecer que o mundo está mal aos que só tenham olhos para o agora. No entanto, no simples comparativo que se faça com o que ele já foi não se há como negar que, apesar dos esforços com que esse velho e sinistro sinônimo da ignorância, - o egoísmo- continua tentando piorar as coisas no hoje, as coisas já foram muito piore antes. O Amor vem educando o egoísmo, fazendo com que maior parcela de seres humanos consiga diminuí-lo em si mesmos, com reflexos positivos no equilíbrio de todos, Ainda ocorrem mortes, ainda existem fome, violência, dores e lágrimas, doenças e injustiças. Mas isso não é culpa do Amor. Afinal, infelizmente ainda existem muitos egoístas apegados ao mundo que eles mesmos desejam preservar. Deixe que o Amor os contagie e os esculpa na soberana obra-prima da caridade verdadeira.
Capítulo XI- O Evangelho Segundo o Espiritismo
 Foi tirado do Livro: Relembrando a Verdade
André Ruiz pelo espírito Plúbio
Editora IDE

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