terça-feira, 10 de abril de 2012

OS DEMÔNIOS E OS ESPÍRITOS IMPUROS






XVII

OS DEMÔNIOS E OS ESPÍRITOS IMPUROS


Na 1.ª, coluna da 3.ª página do São Carlos, diz Monsenhor Seckler:
"O Sr. Cairbar admite a existência dos demônios (Espíritos Impuros). Estes Espíritos existem por si mesmos ou foram criados por Deus?"
Pode haver criatura sem Criador? Ou s. r. ignorará o que quer dizer a palavra impuro?
Quantas vezes quer s. r. que lhe digamos que Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, e a todos deu os meios, de perfeição, como também o livre-arbítrio - afim de terem o mérito e demérito das suas obras
Quando se diz Espíritos puros ou purificados, que e a mesma coisa - designam-se todos os Espíritos que pelo seu trabalho, pelos seus esforços - pela sabedoria e amor que lhes dão a pureza necessária para se aproximarem de Deus, realizaram os deveres que lhes foram confiados, concorrendo para a evolução da verdade nas consciências - ou consciência da Verdade, e assim trabalharam pelo seu progresso e o de todos seus irmãos.
Todos têm o mesmo principio, todos chegarão ao mesmo fim, "porque o Pai reparte igualmente as graças com todos os seus filhos", "Deus não quer a condenação do ímpio, mas sim que ele se converta e se salve".
Estes Espíritos impuros - o são por serem ignorantes, mas quando eles, pelos seus esforços, se tornarem sábios e amorosos, serão puros, porque se aperfeiçoarão no cadinho do estudo, da meditação, da observação, do trabalho e pela prática constante do bem, que lhes dará a verdadeira pureza de coração.
Deus poderia, sem dúvida, criar os Espíritos puros e perfeitos, mas não quis assim, para que eles tivessem o mérito de suas obras. E é esta a razão de haver o livre-arbítrio, que nós sustentamos ser atributo do homem, e também a Igreja não o nega.
Qual é o mérito de Paulo, de Pedro e dos apóstolos; de Agostinho, de Vicente de Paulo, de Antonio de Pádua, se não o de terem se esforçado, trabalhando para o progresso dos seus próprios Espíritos? Que valor teriam Lammenais, Orígenes e até o próprio Cristo se não fossem as portentosas obras que realizaram na Terra, iluminando a nossa razão e tocando os nossos corações com os raios benéficos da Luz que souberam guardar em suas almas?
O ignorante de hoje será o sábio de amanhã - como o impuro de ontem é o puro de hoje.
O Reino de Deus não está dividido e não será dividido em Reino do Bem e Reino do Mal, porque neste caso haveria dois deuses: o do Bem e o do Mal; aquele de que Deus seria o Senhor, e este de que Satanás o Senhor seria.
Se Deus que é o Senhor e o Criador de todas as coisas tivesse o seu reino dividido, como diz o clero, o que resultaria? O Reino de Deus não poderia subsistir, porque como diz o Divino Mestre "todo reino dividido contra si mesmo não poderá subsistir".
Compreendeu, o reverendo, o que queremos dizer?
O Pai está sempre pronto para receber o filho pródigo e perdoá-lo, desde que ele se arrependa e dê frutos de arrependimento - que nutra coisa não são que a reparação das faltas.
Para Deus não há espaço nem tempo, tudo é presente para o Criador - e o Supremo não escolhe lugar, nem dia, nem hora para conceder a sua misericórdia àqueles que sabem implorá-la.
A misericórdia do Altíssimo é infinita, e foi assim pensando que Paulo, doutrinando os Coríntios, em sua l.ª Epístola, XV, 19 disse: "Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens!"
Quererá, porventura, s. r. equiparar os Espíritos impuros do Evangelho com o Satanás do Catolicismo, que, segundo o ortodoxismo, foi criado puro e perfeito, e tornou-se, contra os planos divinos, Impuros e imperfeitos - condenado eternamente ao erro, com os Espíritos impuros que usando mal o seu livre arbítrio entregam-se ao crime e às devassidões, mas que se arrependerão pela lei do progresso universal e serão um dia anjos e santos, como santos e anjos são aqueles que nas transmitem a Palavra de Deus?
Que méritos têm esses anjos inventados pelo catolicismo, os quais, para voarem precisam de asas como os passarinhos, se Deus já os criou puros, perfeitos e os adornou de virtudes naturais, sobrenaturais, e, quem sabe, também preternaturais?


Cairbar Schutel

O Diabo e a Igreja

 

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