quarta-feira, 6 de junho de 2012

Os satélites

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CAPÍTULO VI
Os satélites
24. - Antes que as massas planetárias houvessem atingido um grau de
resfriamento bastante a lhes operar o solidificação, massas menores,
verdadeiros glóbulos líquidos, se desprenderam de algumas no plano equatorial,
plano em que é maior a força centrífuga, e, por efeito das mesmas leis,
adquiriram um movimento de translação em torno do planeta que as gerou,
como sucedeu a estes com relação ao astro central que lhes deu origem.
Foi assim que a Terra deu nascimento à Lua, cuja massa, menos
considerável, teve que sofrer um resfriamento mais rápido. Ora, as leis e as
forças que presidiram ao fato de ela se destacar do equador terreno, e o seu
movimento de translação no mesmo plano, agiram de tal sorte que esse mundo,
em vez de revestir a forma esferoidal, tomou a de um globo ovóide, isto é, a
forma alongada de um ovo, com o centro de gravidade fixado na parte inferior.
25. - As condições em que se efetuou a desagregação da Lua pouco lhe
permitiram afastar-se da Terra e a constrangeram a conservar-se
perpetuamente suspensa no seu firmamento, como uma figura ovóide cujas
partes mais pesadas formaram a face inferior voltada para a Terra e cujas
partes menos densas lhe constituíram o vértice, se com essa palavra se
designar a face que, do lado oposto à Terra, se eleva para o céu. É o que faz
que esse astro nos apresente sempre a mesma face. Para melhor
compreender-se o seu estado geológico, pode ele ser comparado a um globo de
cortiça, tendo formada de chumbo a face voltada para a Terra.
Daí, duas naturezas essencialmente distintas na superfície do mundo
lunar: uma, sem qualquer analogia com o nosso, porquanto lhe são
desconhecidos os corpos fluidos e etéreos; a outra, leve, relativamente à Terra,
pois que todas as substâncias menos densas se encaminharam para esse
hemisfério. A primeira, perpetuamente voltada para a Terra, sem águas e sem
atmosfera, a não
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ser, aqui e ali, nos limites desse hemisfério subterrestre; a outra, rica de fluidos,
perpetuamente oposta ao nosso mundo. (1)
26. - O número e o estado dos satélites de cada planeta têm variado de
acordo com as condições especiais em que eles se formaram. Alguns não
deram origem a nenhum astro secundário, como se verifica com Mercúrio,
Vênus e Marte (2), ao passo que outros, como a Terra, Júpiter, Saturno, etc.,
formaram um ou vários desses astros secundários.
27. - Além de seus satélites ou luas, o planeta Saturno apresenta o
fenômeno especial do anel que, visto de longe, parece cercá-lo de uma como
auréola branca. Esse anel é, com efeito, o resultado de uma separação
__________
(1) Esta teoria da Lua, nova inteiramente, explica, pela lei da gravitação, o motivo por que
esse astro apresenta sempre a mesma face para a Terra. Tendo o centro de gravidade num dos
pontos de sua superfície, em vez de estar no centro da esfera, e sendo, em conseqüência,
atraído para a Terra por uma força maior do que a que atrai as partes mais leves, a Lua pode ser
tida como uma dessas figuras chamadas vulgarmente
constantemente sobre a sua base, ao passo que os planetas, cujo centro de gravidade está a
distâncias iguais da superfície, giram regularmente sobre o próprio eixo. Os fluidos vivificantes,
gasosos ou líquidos, por virtude da sua leveza especifica, se encontrariam acumulados no
hemisfério superior, perenemente oposto à Terra. O hemisfério inferior, o único que vemos, seria
desprovido de tais fluidos e, por isso, impróprio à vida que, entretanto, reinaria no outro. Se, pois,
o hemisfério superior é habitado, seus habitantes jamais viram a Terra, a menos que
excursionem pelo outro, o que lhes seria impossível, desde que este carece das condições
indispensáveis à vitalidade.
Por muito racional e científica que seja essa teoria, como ainda não foi confirmada por
nenhuma observação direta, somente a título de hipótese pode ser aceita e como idéia capaz de
servir de baliza à Ciência. Não se pode, porém, deixar de convir em que é a única, até ao
presente, que dá uma explicação satisfatória das particularidades que apresenta o globo lunar.
(Vide nota especial à pág. 139.)
(2)
Deimos.
João-paulino, que se levantamNota da Editora: Em 1877, foram descobertos dois satélites de Marte: Fobos e
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que se operou no equador de Saturno, ainda nos tempos primitivos, do mesmo
modo que uma zona equatorial se escapou da Terra para formar o seu satélite.
A diferença consiste em que o anel de Saturno se formou, em todas as suas
partes, de moléculas homogêneas, provavelmente já em certo estado de
condensação, e pode, dessa maneira, continuar o seu movimento de rotação no
mesmo sentido e em tempo quase igual ao do que anima o planeta. Se um dos
pontos desse anel houvesse ficado mais denso do que outro, uma ou muitas
aglomerações de substância se teriam subitamente operado e Saturno contaria
muitos satélites a mais. Desde a época da sua formação, esse anel se
solidificou, do mesmo modo que os outros corpos planetários.


A GÊNESE
OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES
SEGUNDO O ESPIRITISMO
POR

A L L A N K A R D E C
(Autor de "O Livro dos Espíritos")


A Doutrina Espírita há resultado do ensino coletivo
e concordante dos Espíritos.
A Ciência é chamada a constituir a Gênese de acordo
com as leis da Natureza.
Deus prova a sua grandeza e seu poder pela imutabilidade
das suas leis e não pela ab-rogação delas.
Para Deus, o passado e o futuro são o presente.


FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
DEPARTAMENTO EDITORIAL
Rua Souza Valente, 17
20941-040 - Rio - RJ - Brasil


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