Um
semeador, como fazia todos os dias, saiu de casa e se dirigiu ao seu campo para
nele semear os grãos de trigo que possuía, honrando a Deus com seu trabalho
honesto.
Começou
a semeadura. Enquanto lançava as sementes ao campo, algumas caíram no caminho,
na pequena estrada que ficava no meio da seara. Você sabe que os passarinhos
costumam acompanhar os semeadores ao campo, para comer as sementes que caem ao
chão? Pois, isso aconteceu em nossa história. Alguns grãos caíram à beira da
estrada, e os passarinhos, rápidos, desceram e os comeram.
O
semeador, porém, continuou semeando. Outras sementes caíram num lugar
pedregoso. Havia ali muitas pedras e pouca terra. As sementes nasceram logo
naquele solo, que não era profundo. O trigo cresceu depressa, mas, vindo o sol
forte, foi queimado; e como suas raízes não cresceram por causa das pedras,
murchou e morreu.
Outros
grãos caíram num pedaço do campo onde havia muitos espinheiros. Quando o trigo
cresceu, foi sufocado pelos espinhos e também morreu.
Uma
última parte das sementes caiu numa terra boa e preparada, longe dos
pedregulhos e das sarças. E o trigo ali semeado deu uma colheita farta. Cada
grão produziu outros cem, outros sessenta outros trinta...
*
O
próprio Jesus explicou a Seus discípulos a Parábola do Semeador.
As
nossas almas, filhinho, são comparáveis aos quatro terrenos da história: "o
terreno do caminho", "o solo cheio de pedras", "a
terra cheia de espinheiros" e "o terreno lavrado e bom".
Jesus
é o Divino Semeador. A semente é a Sua Palavra de bondade e de
sabedoria. E os diversos terrenos são os nossos corações, os nossos espíritos,
onde Ele semeia Seus ensinamentos, cheio de bondade para conosco.
E
como procedemos para com Jesus? Como respondemos à Sua bondade? O modo como
damos resposta ao amor cuidadoso do Divino Mestre é que nos classifica
espiritualmente, isto é, mostra que espécie de terreno existe em nossa
alma. Cada coração humano é uma espécie de terra, um dos quatro solos da
parábola.
Vejamos,
então, filhinho:
Quando
alguém ouve a palavra do Evangelho e não procura compreendê-la, nem lhe dá
valor, aparecem as forças do mal (os Espíritos maldosos, desencarnados ou
encarnados) e arrebatam o que foi semeado no seu coração, tais como os passarinhos
comeram as sementes... E sabe de que modo? Fazendo com que a alma esqueça o que
ouviu, dando outros pensamentos à pessoa, fazendo com que ela se desinteresse
das coisas espirituais. E a alma fica indiferente aos ensinamentos divinos. O
coração dessa pessoa é semelhante ao "terreno do caminho", aonde
a semente não chegou a penetrar. Um exemplo desse terreno é a criança que não
presta atenção às aulas de Evangelho, ficando distraída durante as explicações.
Ou ainda, a criança que não gosta de ler os livrinhos que ensinam o caminho de
Jesus...
E o
segundo terreno, o pedregoso?
Esse
terreno é a imagem da pessoa que recebe os ensinos de Jesus com muita alegria.
São exemplos as pessoas entusiasmadas com o serviço cristão, ou as crianças
animadas nas escolas de Evangelho, mas cuja animação dura pouco. Quando surgem
as zombarias, as perseguições ou os sofrimentos, a alma, que é inconstante,
abandona o caminho do Evangelho. Um exemplo para você, filhinho: uma criança
está frequentando as aulas de Moral Cristã numa Escola Espírita. Está
aprendendo os mandamentos Divinos, os ensinos de Cristo, o caminho do bem, da
pureza, da honestidade. Está muito contente com o que está estudando. Sente-se
animada e feliz. Um dia, aparece um colega do colégio ou da vizinhança, dizendo
que o "Espiritismo é obra do demônio", que "os que frequentam
aulas de Evangelho nas escolas Espíritas ficam loucos e vão para o
inferno". E zombam dele sempre que o encontra e lhe põe apelidos
humilhantes. O nosso amiguinho não tem ainda firmeza de fé. Tem medo das
zombarias dos colegas e dos vizinhos, que dizem que "somente sua religião
é verdadeira" e lhe mandam “receber espíritos na rua”. Amedrontado pela
perseguição e pelos motejos, o nosso irmãozinho deixa a Escola de Evangelho,
onde estava começando a compreender a beleza do ensino de Jesus e as bênçãos do
Espiritismo Cristão. Esse menino tinha o coração semelhante ao "terreno
cheio de pedras", onde a planta da verdade não pôde crescer e
frutificar.
O
terceiro solo é a "terra cheia de espinheiros". É o caso das
pessoas que recebem a palavra do Evangelho, mas, depois abandonam o caminho
cristão por causa das grandezas falsas do mundo e da sedução das riquezas.
Ouviram o Evangelho, mas se interessaram mais pelos negócios, pelos lucros,
pelas vaidades da vida, pelo cuidado exclusivo das coisas da terra. Há também,
no mundo das crianças, exemplos desse terreno. São as crianças que conheceram,
às vezes desde pequeninas, os ensinos de Jesus, mas, depois de crescidas,
preferiram os maus companheiros, as crianças sem Deus, e passaram a
interessar-se somente pelos problemas de dinheiro ou de moda, pelos ídolos do
cinema ou do futebol. Não querem mais nem Jesus, nem lições de Evangelho. Só
pensam em automóveis de luxo, sonham com caminhões, imaginam-se ricos
"quando crescerem"... A princípio, sabiam repartir com os pobres o
seu dinheirinho, porém, agora só pensam em juntá-lo: a caridade morreu nos seus
corações. O mundo, com suas riquezas falsas (que terminam com a morte), seduziu
suas almas e sufocou a plantinha de Deus em seus espíritos. Trocaram Jesus
pelos sonhos e ambições de carros de luxo, de figurinos, de roupas elegantes,
de campos de esporte, de concursos de beleza, de grandezas sociais... A
plantinha de Deus foi sufocada pelos espinhos do egoísmo e das ilusões da vida
material. E morreu...
O
quarto terreno, "a terra lavrada e boa", é o símbolo do
coração que escuta o Evangelho, procurando compreendê-lo e praticá-lo na vida.
É a alma que estuda a palavra do Senhor, percebendo que está neste mundo para
aprender a Verdade e o Bem. E, assim, dá frutos de bondade e eleva-se para
Deus. Abandona seus vícios e maus hábitos, dedicando-se à prática das virtudes,
guardando a fé no coração, socorrendo carinhosamente os necessitados e
sofredores e buscando os conselhos de Deus no Evangelho de Cristo.
O
coração de uma criança verdadeiramente cristã é o bom terreno da
parábola: cada semente de Jesus se transforma em trinta, sessenta ou cem
bênçãos de bondade, de fé e de auxílio ao próximo. O coração dessa criança
deseja conhecer sempre mais e melhor os ensinos cristãos. E se esforça
sinceramente para fazer a Vontade Divina: amar e perdoar, crer e ajudar,
aprender e servir.
Filhinho,
aí está a Parábola do Semeador. Medite nela. Que você, guardando a humildade de
coração, se esforce para ser, se ainda não o é, o bom terreno, que
recebe os grãos de luz do Divino Semeador e dá muitos frutos de sabedoria e
bondade.
TAVARES,
Clóvis. Histórias que Jesus Contou. LAKE. Parábola do Semeador: Mateus,
Repassando...
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